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Institutos precisam atender regras do TSE para divulgar pesquisas
Institutos precisam atender regras do TSE para divulgar pesquisas| Foto: TSE

As eleições de outubro cada vez mais ocupam o noticiário e o dia a dia dos brasileiros. E a aproximação do período eleitoral traz, como de costume, as pesquisas de intenção de voto para o centro do debate. A força de candidaturas, os arranjos partidários e o tempo destinado pela imprensa para a cobertura de um ou outro nome são fatores influenciados pelos números divulgados pelas empresas que medem as opiniões dos cidadãos.

Essas empresas, também conhecidas como institutos de pesquisa, desenvolvem trabalhos que se diferenciam entre si pelas metodologias adotadas e também pelos escopos de atuação – algumas se focam mais na disputa nacional, outras priorizam os embates regionais. As metodologias também podem variar dentro de um mesmo instituto, de acordo com as necessidades de diferentes pesquisas, e podem influenciar nos números apresentados.

Alguns institutos, por exemplo, fazem entrevistas com o eleitorado de modo presencial nos domicílios, como o Paraná Pesquisas, ou em pontos de fluxo de pessoas, como o Datafolha. Outras empresas fazem por telefone, como Ipespe e o PoderData.

Para que uma empresa esteja apta a produzir e divulgar resultados de pesquisas eleitorais em 2022, é necessário que atenda a regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma delas é o registro prévio da instituição no próprio TSE, obrigatório desde o início do ano. Além disso, cada pesquisa precisa ser registrada no TSE com cinco dias de antecedência da divulgação dos resultados.

As empresas precisam informar área de abrangência, metodologia, contratante, valor pago, estatístico responsável, questionário que será aplicado e um arquivo com o detalhamento dos municípios/bairros onde as entrevistas foram feitas – essa última informação, porém, pode ser repassada ao TSE no dia posterior à divulgação da pesquisa. Apenas em maio, cerca de 30 institutos registraram 55 pesquisas para presidente no tribunal eleitoral – incluindo nesta contagem as pesquisas presidenciais em estados e cidades.

A lei eleitoral também exige que os veículos de comunicação que divulgam as pesquisas informem, junto aos números, dados como o protocolo de registro da pesquisa e a metodologia adotada. São aquelas informações que costumam aparecer como rodapé das notícias ou legendas inseridas abaixo de gráficos com os números dos levantamentos.

A atuação do TSE, porém, se dá mais no momento preliminar do que no acompanhamento e divulgação das pesquisas. O tribunal não monitora a qualidade dos levantamentos. "O registro de pesquisas eleitorais é um ato unilateral, informações prestadas pelas empresas e institutos, que são legalmente responsáveis pela fidedignidade do que trazem ao sistema. A legislação brasileira não concede à Justiça Eleitoral a prerrogativa de fiscalizar os registros de pesquisas de opinião de voto, apenas recebe os documentos e informações", disse o tribunal em nota enviada à Gazeta do Povo.

O conjunto de exigências do TSE é interpretado pela maior parte das empresas como algo já inserido no cotidiano do trabalho e até mesmo como um procedimento saudável, por proporcionar transparência ao processo. Há, porém, algumas ressalvas sobre um eventual "engessamento" causado pelas normas. O diretor-executivo do instituto PoderData, Mateus Netzel, avalia que a rotina traz custos adicionais à produção de pesquisas. "[O PoderData] entende, entretanto, que o mecanismo possa ser eliminado, ou, pelo menos, aperfeiçoado", declarou.

Netzel contestou também a exigência dos cinco dias de intervalo entre registro e divulgação das pesquisa, e disse que a medida "torna o processo burocrático e pouco ágil". Como exemplo de efeito do panorama, Netzel citou um quadro registrado nas últimas semanas, quando o ex-governador João Doria (PSDB) apareceu em pesquisas presidenciais mesmo após ter retirado sua pré-candidatura ao Planalto. O nome do tucano foi mantido em algumas pesquisas porque os levantamentos foram iniciados antes de sua desistência.

O PoderData é vinculado ao Poder360, site de notícias focado na cobertura política nacional. Os levantamentos feitos pelo PoderData são habitualmente produzidos com recursos do próprio instituto. O quadro, porém, não é o mais rotineiro no universo das empresas de pesquisa.

O mais comum é que instituições externas contratem os serviços dos institutos. Neste escopo estão outros veículos de comunicação, entidades de classe, como a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e muitos bancos e instituições que operam no mercado financeiro. O BTG/Pactual, banco especializado em investimentos, contrata serviços de pesquisa desde 2018. Segundo a instituição, o objetivo com a contratação de pesquisas é "entender o cenário e prestar sempre o melhor serviço aos seus clientes". Neste ano, a empresa contratará apenas levantamentos sobre a disputa nacional.

Perfis das empresas

Confira um raio-x de algumas das principais empresas em atuação no mercado.

Paraná Pesquisas

  • Está em atividade desde? 1990
  • Onde fica? Curitiba (PR)
  • Qual o tamanho da equipe? 12 funcionários
  • Quais pesquisas fará em 2022? "Onde houver a demanda, atuaremos", segundo seu diretor, Murilo Hidalgo. Geralmente as pesquisas nacionais para presidente são contratadas pela corretora BGC Liquidez.

PoderData

  • Está em atividade desde? 2017
  • Onde fica? Brasília (DF)
  • Qual o tamanho da equipe? 80 funcionários
  • Quais pesquisas fará em 2022? Sobre a disputa presidencial e possivelmente sobre as corridas eleitorais nos estados. As pesquisas são contratadas pelo Poder 360, site de notícias do mesmo grupo.

FSB

  • Está em atividade desde? 2008
  • Onde fica? Brasília (DF)
  • Qual o tamanho da equipe? Não informou
  • Quais pesquisas fará em 2022? Sobre a disputa presidencial. As pesquisas são contratadas pelo banco de investimentos BTG Pactual.

Instituto Ranking

  • Está em atividade desde? 2002
  • Onde fica? Campo Grande (MS)
  • Qual o tamanho da equipe? Não informou
  • Quais pesquisas fará em 2022? Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Quaest

  • Está em atividade desde? 2016
  • Onde fica? Belo Horizonte (MG), com um escritório em São Paulo (SP)
  • Qual o tamanho da equipe? 200 funcionários
  • Quais pesquisas fará em 2022? Sobre a disputa presidencial e alguns estados. No momento já fez levantamentos sobre os cenários de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. As pesquisas são feitas sob encomenda da Genial Investimentos.

Ideia Big Data

  • Está em atividade desde? 2011
  • Onde fica? São Paulo (SP), com um escritório em Washington (EUA)
  • Qual o tamanho da equipe? 55 funcionários
  • Quais pesquisas fará em 2022? Sobre a disputa presidencial e dos seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal. As pesquisas geralmente são contratadas pela revista Exame.

Ipespe

  • Está em atividade desde? 1986. Em 2006 fez parceria com o Valor Econômico para pesquisas presidenciais. Desde 2018 é contratada pela XP Investimentos para fazer o levantamento sobre a disputa presidencial em nível nacional.
  • Onde fica? Recife (PE)
  • Qual o tamanho da equipe? 20 funcionários contratados e mais prestadores de serviços. A partir de julho serão efetivadas novas contratações devido ao aumento no números de projetos de pesquisas eleitorais.
  • Quais pesquisas fará em 2022? Sobre a disputa presidencial. Atualmente as pesquisas divulgadas são encomendadas pela XP Investimentos. Segundo o instituto, outras parcerias serão estabelecidas ao longo deste ano eleitoral.

A Gazeta do Povo contatou também Datafolha e Ipec, mas não recebeu retorno até a conclusão desta reportagem.

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