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O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro.
Pré-candidato pelo Podemos, o ex-juiz Sergio Moro está na mira do PT| Foto: Saulo Rolim/Podemos

O Partido dos Trabalhadores (PT) prepara uma ofensiva no intuito de desgastar a pré-candidatura do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos) à Presidência da República. Algoz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato, Moro tem sido alvo de críticas dos petistas e a expectativa é de que o tom contra o ex-juiz cresça conforme a campanha eleitoral se aproxime. A estratégia é desacreditar toda a Lava Jato e colocar em dúvida a integridade moral de Moro.

Recentemente, o PT lançou uma revista em quadrinhos em que remonta os processos da Lava Jato sob a ótica petista. Segundo a publicação, em 2014, “o pré-sal era promessa de justiça social” e a “indústria deslanchava”. “Talvez por isso, começou ali uma farsa que se arrastou por 7 anos, com mais de 80 fases e 600 réus – e sequelas nefastas à democracia do Brasil: a operação Lava Jato", diz o texto.

Nos quadrinhos, o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato são os vilões, ao lado do ex-presidente Michel Temer (MDB), da imprensa e até o FBI. As imagens mostram Moro sem pupila e íris – dando a ele um aspecto não humano. No texto, o ex-juiz é chamado ainda de pato da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A campanha “Não Vou Pagar o Pato” foi lançada em 2015 contra o aumento de impostos e usada em manifestações antipetistas.

“A verdade venceu pela resistência de Lula, do partido, da sua defesa e da militância. Uma luta que se transformou em uma saga contada em livro, e agora em uma HQ para levar a história até os jovens e ao povo”, afirma o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.

Líderes do PT já admitem que a campanha deste ano será para esclarecer o que consideram ser as "verdades sobre a Lava Jato". Com isso, pretendem explorar a anulação das condenações do ex-presidente Lula na Justiça e o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter declarado Sergio Moro suspeito para julgar o ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá (SP).

“Estou feliz com as vitórias que estamos tendo na Justiça para provar que um certo juiz não era juiz, mas um farsante. Para provar que o MP, uma instituição muito séria, foi tomado de assalto por um grupo, que compôs a força do Paraná, para contar mentiras nesse país. Finalmente, a verdade venceu e, finalmente, o povo está muito esperto para entender o que aconteceu. E isso nós vamos desvendar. Essa mentira nós vamos desvendar a cada dia”, afirmou Lula recentemente durante entrevista à rádio Supra FM.

PT vai explorar relação de Moro com consultoria Alvarez & Marsal

Em outra frente, o PT pretende usar a investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) contra Sergio Moro para inviabilizar a pré-candidatura do ex-juiz. Ele tem sido cobrado a dar explicações sobre seu trabalho na empresa de consultoria norte-americana Alvarez & Marsal. Moro atuou na área de compliance da empresa quando deixou o Ministério da Justiça, em 2020.

A Alvarez & Marsal presta serviços a empresas denunciadas na Lava Jato, o que tem motivado os questionamentos. Moro encerrou seu contrato com a empresa em outubro do ano passado, e os termos da rescisão também passaram a ser alvo de investigação no TCU.

Recentemente, o ministro do TCU Bruno Dantas pediu que Ministério Público Federal (MPF) analise um pedido sobre o eventual bloqueio imediato de bens de Moro. A acusação é a de que as empresas que Moro julgou como juiz teriam abastecido cofres da empresa de consultoria ele passou a integrar. Moro sempre alegou que não houve conflito de interesse e que nunca atuou para as empresas que julgou.

Agora, o PT escalou um grupo de parlamentares para se debruçar sobre as investigações do TCU. No final de janeiro, o líder do partido na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), já havia pedido para ter acesso aos conteúdos do processo.

“São fatos graves que certamente serão aprofundados por esse Tribunal de Contas da União, seja no aspecto da defesa do erário ou mesmo na perspectiva de se avaliar supostas violações aos primados da moralidade, legalidade e probidade na administração pública, que poderia ser vulnerada, por exemplo, pela prática de advocacia administrativa, por exemplo”, afirma o líder do PT.

O objetivo, segundo petistas, é ter informações ainda mais consistentes e reuni-los no que tem sido chamado interna e ironicamente de “Powerpoint de Moro”.

Em nota, o ex-juiz informou que não há qualquer irregularidade na relação dele com a empresa, especializada em restruturação de companhias. "A investigação do TCU, de acordo com órgãos internos, como a Seinfra, já deveria estar arquivada, tendo em vista a ausência de qualquer ilegalidade na prestação de serviço de um cidadão para uma empresa privada".

Trocas de acusações nas redes sociais dão o tom da campanha

O ex-presidente Lula e outros integrantes do PT também pretendem apostar nos ataques pelas redes sociais para se contrapor ao ex-juiz. Recentemente, Lula usou o Twitter para atacar a Lava Jato, chamando Moro de “canalha”, o juiz e os investigadores de “quadrilha” e a operação de “farsa”. O ex-juiz respondeu dizendo que “canalha é quem roubou o povo brasileiro”.

A discussão ganhou o endosso da presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), que usou as redes para fazer quatro acusações que deverão nortear os ataques ao ex-juiz na campanha eleitoral: 1) a de corromper a Justiça para condenar um inocente; 2) a de corromper o processo eleitoral para ajudar Bolsonaro a vencer a eleição; 3) a de destruir o setor de construção civil e eliminar 4 milhões de empregos; e 4) a de ter sido considerado um juiz parcial e suspeito pelo STF.

Além disso, o partido pretende usar parte de sua propaganda partidária, que será vinculada neste primeiro semestre, para fazer acusações contra Sergio Moro. A legenda tem direito a 20 minutos de propaganda partidária distribuídos em peças de 30 segundos. A primeira peça deve ir ao ar no dia 24 de março.

O conteúdo deve ir ao ar entre 19h30 e 22h30, no intervalo da programação das emissoras. A propaganda partidária estava extinta desde 2017, mas foi retomada em 2022 após decisão do Congresso Nacional.

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