• Carregando...
eleição em sc
Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT) disputam o governo de SC no segundo turno| Foto: Reprodução/Facebook dos candidatos

A polarização provocada pelos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) refletiu em diversos estados do Brasil, entre eles Santa Catarina. Pela primeira vez um candidato petista disputará o segundo turno pelo governo catarinense e ambas as legendas aumentaram suas bancadas nas eleições legislativas.

Na votação de primeiro turno, o senador Jorginho Mello (PL) obteve 38,61% dos votos válidos contra 17,42% de Décio Lima (PT). A dupla tirou do páreo nomes como o governador Carlos Moisés (Republicanos), o ex-prefeito de Florianópolis Gean Loureiro (União Brasil) e o senador Esperidião Amin (PP). Décio fez quase 250 mil votos a mais do que na eleição de 2018, quando ficou em quarto lugar, com 12,78% dos votos.

As eleições para a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) deixaram o PL com a maior bancada, com crescimento de 7 para 11 parlamentares, entre os 40 deputados estaduais. O PT manteve quatro deputados, mas se tornou, de forma isolada, o terceiro partido com mais representantes na Casa.

No âmbito federal, Jorge Seif Júnior (PL) foi eleito senador e o PL ampliou de 3 para 6 deputados federais em Santa Catarina. O PT também registrou aumento na bancada federal pelo estado, mais modesto, passando de um parlamentar para dois. A bancada de SC na Câmara tem 16 deputados federais.

"Em que pese a polarização ser assimétrica, com o crescimento da direita tendo sido maior, comparando PL e PT, o que a gente pode observar é uma diminuição da fragmentação e aumento da polarização, especialmente se analisarmos a quantidade de deputados estaduais e federais eleitos pelo PT e pelo PL", analisa o cientista político e professor da Universidade Federal de Santa Catarina Julian Borba.

O crescimento do PL e do PT em Santa Catarina ocorre de forma inversamente proporcional à maior fragmentação de partidos de centro e direita do estado, como o MDB, o União Brasil e o PP.

Fragmentação do centro e da direita fez PT chegar ao 2.º turno

Se historicamente a direita demonstra força em Santa Catarina, a esquerda tinha como grande conquista a eleição de Ideli Salvatti (PT) como senadora em 2010 e tem em Décio Lima a oportunidade de ampliar esse histórico no estado.

"Por mais que o PT tenha ido ao segundo turno, mais do que estratégia, parece-me que esse congestionamento à direita foi o fator fundamental para o sucesso do candidato do PT ao governo. Todos estes fatos corroboram para a ideia de que esta eleição foi atípica para a disseminação de votos no campo da direita", coloca o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rodrigo da Silva.

Mesmo com o apoio formal a Jorginho Mello, que pertence ao mesmo partido do presidente, Bolsonaro teve apoio de outros dois candidatos ao governo catarinense desde o início da corrida eleitoral: Esperidião Amin (PP) e Gean Loureiro (União). Na reta final de campanha, o governador Carlos Moisés, que havia rompido com Bolsonaro em 2019, também tentou atrair os eleitores mais à direita, mas não conseguiu os votos suficientes para chegar ao segundo turno.

"Moisés teve um governo marcado por muitas crises. Em que pese ter chegado ao final com grande capacidade de investimentos e obras em todo estado, teve dificuldades em formar coalizão, garantir uma estabilidade governativa, o que o impediu de chegar ao processo eleitoral em melhores condições", pontua Borba.

Décio deve focar em ajudar campanha de Lula, avalia analista

Bolsonaro registrou no primeiro turno em Santa Catarina 62,21% dos votos válidos, enquanto Lula contabilizou 29,54%. Entre os municípios catarinenses, o candidato à reeleição venceu em 263 cidades, enquanto o petista levou a melhor em 32. Dentro desse cenário, Décio terá uma tarefa complexa para virar a disputa contra Jorginho no segundo turno.

"Creio que a única estratégia possível para o PT seja a de trazer o discurso da campanha nacional para o Estado, muito mais para ajudar a campanha do ex-presidente Lula em Santa Catarina do que pensando no sucesso eleitoral de Décio ao governo do estado. A estratégia será a de tentar votos daqueles que não querem Bolsonaro ou candidato ligado a ele", avalia Silva.

Procurado pela reportagem, o comitê de campanha de Décio Lima e o diretório do PT em Santa Catarina não responderam os questionamentos até o fechamento desta matéria.

Bolsonaro e Lula incluem Santa Catarina na agenda de 2.º turno

Em visita ao estado nesta terça-feira (11), Bolsonaro passou pelas cidades litorâneas de Navegantes e Balneário Camboriú e pediu o apoio dos prefeitos presentes em prol da candidatura.

"Vocês podem comparar meu governo com os anteriores. Há pouco tempo vocês viviam em romaria, de pires na mão em Brasília. Isso acabou. Vocês hoje, com a ajuda do governo federal e impostos que vêm do povo, tiveram o suficiente para fazer uma boa política no seu município", disse o presidente na ocasião.

Lula também vai incluir o estado na agenda de campanha deste segundo turno. A data, porém, ainda não foi informada pela campanha do petista.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]