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Lula e Bolsonaro
Lula é padrinho político de Fernando Haddad, pré-candidato do PT a governador de São Paulo.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

A campanha eleitoral ainda não começou oficialmente, mas dois concorrentes ao governo de São Paulo já demonstram que vão usar (e muito) a imagem de padrinhos políticos durante a disputa.

De um lado, Fernando Haddad (PT) tem sua candidatura associada à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De outro, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) divide o palanque com Jair Bolsonaro (PL). Já Rodrigo Garcia (PSDB) tenta se distanciar do ex-governador tucano João Doria.

Lula aparece até no jingle de Haddad

As dobradinhas já aparecem em posts dos candidatos nas redes sociais. Haddad, por exemplo, publica com frequência não só fotos com Lula, mas também com o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB); e com o candidato ao Senado apoiado pela chapa, Márcio França (PSB).

A associação com o ex-presidente, que já vem de longa data, aparece até em uma música divulgada pela pré-campanha. “Eu quero Haddad aê, eu quero Lula lá”, diz o refrão, em referência ao famoso jingle usado na campanha de Lula em 1989.

Ex-ministro da Educação no governo Lula, Haddad se candidatou a prefeito de São Paulo em 2012 – e venceu – muito pela influência do ex-presidente. Em 2018, coube a Haddad a tarefa de substituir Lula na corrida presidencial, depois que o padrinho político foi considerado inelegível pela Justiça Eleitoral. Chegou a ir ao segundo turno, mas foi derrotado por Bolsonaro.

A Gazeta do Povo procurou a assessoria de Haddad, perguntando qual seria o papel de Lula na campanha, mas não obteve resposta.

Ex-ministro, Tarcísio enaltece gestão Bolsonaro

Tarcísio não fica atrás. Em suas redes sociais, o pré-candidato frequentemente publica posts sobre feitos da gestão de Bolsonaro. “Apesar de muitos torcerem contra, a verdade é que o Brasil cresceu”, escreveu o ex-ministro em um dos posts.

O pré-candidato também divulga vídeos e fotos com Bolsonaro. “Tamo junto, presidente”, escreveu o ex-ministro da Infraestrutura em outra postagem.

Em nota, a assessoria de Tarcísio afirmou que Bolsonaro participará da campanha "tanto por meio das redes sociais como presencialmente". "Tarcísio segue viajando pelo interior de São Paulo e o presidente Jair Bolsonaro estará presente nestas agendas sempre que possível", completa o texto.

Nacionalização da disputa pelo governo estadual

Cila Schulman, vice-presidente do Ideia Instituto de Pesquisa, afirma que tanto Haddad quanto Tarcísio têm campanhas “totalmente ligadas” às candidaturas nacionais.

“A própria existência da candidatura deles tem a ver com a disputa nacional, já que São Paulo é um estado fundamental para o resultado da eleição. É onde há mais votos [o estado é o maior colégio eleitoral do país] e onde há tanto antipetismo quanto antibolsonarismo, ou seja, um lugar em que os dois [Lula e Bolsonaro] ainda podem conquistar eleitores”, diz.

O cientista político Marcelo Di Giuseppe, do Ibespe (Instituto de Planejamento Estratégico) – que realiza pesquisas de opinião pública –, afirma que Haddad já está vinculado a Lula na cabeça do eleitor.

“Mas as pessoas não conhecem o Tarcísio”, afirma. A associação com Bolsonaro, assim, é importante também para que o ex-ministro chegue aos eleitores que não são progressistas e poderiam optar por ele.

Rodrigo Garcia evita antecessor

Enquanto Haddad e Tarcísio mostram seus padrinhos o máximo que podem, outro candidato importante no páreo, o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), “esconde” quem poderia ser seu cabo eleitoral.

Garcia assumiu o governo depois que o ex-governador João Doria (PSDB) renunciou ao cargo com o objetivo de candidar-se à Presidência. “Daqui pra frente, nosso trabalho continua em São Paulo pelas mãos de Rodrigo Garcia, que será governador de São Paulo e será reeleito”, afirmou Doria, à época.

Depois que sua candidatura ao Planalto naufragou, o ex-governador anunciou que deixaria a vida pública. Mas não é só por isso que Garcia não deve usar sua imagem na campanha.

“Houve uma construção de que o Doria seria uma espécie de oportunista [usando seu período no governo para se promover como candidato a presidente]. É algo muito prejudicial, e provavelmente o Garcia vai se manter afastado do Doria por esse motivo”, avalia Marcelo Vitorino, especialista em marketing político e professor da ESPM.

Baixa aprovação de Doria

Quando deixou o cargo de governador, Doria tinha reprovação de 36% dos paulistas, contra 23% de aprovação. Os números são de pesquisa realizada pelo Datafolha em abril (veja metodologia abaixo).

“O Doria é uma figura que tinha muita rejeição, então não faz sentido que o Garcia se vincule a ele neste momento”, explica Cila Schulman, do Ideia.

Com a máquina pública nas mãos, o pré-candidato do PSDB busca conquistar prefeitos e vereadores para formar palanques no interior. E, nas redes sociais, ele tenta se vincular a uma ideia de renovação – ainda que seja filiado ao partido que governa São Paulo há anos. Em sua foto de capa no Twitter, ele se apresenta como “Rodrigo - @NovoGovernador”.

A Gazeta do Povo procurou a assessoria de Garcia, perguntando qual seria o papel de Doria na campanha, mas não obteve resposta.

Como está a disputa pelo governo

Pesquisa do Real Time Big Data divulgada na semana passada mostra Haddad na liderança pela disputa do governo de São Paulo, enquanto Tarcísio e Garcia estão tecnicamente empatados pela margem de erro.

  • Fernando Haddad (PT) – 34%
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) – 20%
  • Rodrigo Garcia (PSDB) – 16%
  • Vinicius Poit (Novo) – 2%
  • Abraham Weintraub (PMB) – 1%
  • Elvis Cezar (PDT) – 1%
  • Felicio Ramuth (PSD) – 0%
  • Gabriel Colombo (PCB) – 0%
  • Altino Junior (PSTU) – 0%
  • Branco/Nulo/Não vai votar – 15%
  • Indecisos – 11%

Metodologia das pesquisas citadas

  • Datafolha – avaliação do governo de João Doria

O Datafolha ouviu 1.806 eleitores em 62 municípios de São Paulo nos dias 5 e 6 de abril. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-03189/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

  • Real Time Big Data - governo de São Paulo

A pesquisa encomendada pela Record TV ao Instituto Real Time Big Data entrevistou 1,5 mil pessoas, entre os dias 8 de julho e 9 de julho. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com o número SP-05804/2022.

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