A ascensão do deputado estadual Bruno Engler (PL) na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte é vista como uma prova de força para articulação política dos partidos de direita nas eleições de 2026 em Minas Gerais. O Partido Liberal pode ter candidato ao governo mineiro ou construir uma aliança para garantir palanque ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pretende disputar a eleição presidencial, apesar da inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Engler perdeu as eleições no segundo turno para o prefeito Fuad Noman (PSD), mas o presidente do PL mineiro, deputado federal Domingos Sávio, avalia que o resultado das eleições de 2024 são positivas para a sigla, que elegeu sete vereadores, entre eles, Pablo Almeida, campeão de votos com quase 40 mil registrados nas urnas.
“O PL teve resultados positivos nas eleições municipais e ficou demonstrado que as alianças são muito importantes, principalmente nas capitais e grandes cidades, onde precisamos construir alianças, obviamente, sem abrir mão dos princípios e valores do partido”, avalia Sávio em entrevista à Gazeta do Povo.
A campanha de Engler impulsionada pela participação direta de Bolsonaro ainda teve o apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), nomes cotados para a corrida eleitoral ao governo de Minas Gerais, repetindo o embate nas urnas entre a direita e o Centrão. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), deve ser candidato ao Executivo mineiro com o apoio do presidente Lula (PT) na disputa pela sucessão do governador Romeu Zema (Novo).
Decisivo nas últimas eleições a presidente, Minas Gerais passou a ser considerado um “estado-pêndulo” na disputa pelo Palácio do Planalto, em um paralelo com as Eleições nos Estados Unidos, onde cada estado tem um peso por conta do número de delegados representantes no colégio eleitoral.
No segundo turno das eleições presidenciais de 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) venceu o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) no estado, confirmando o papel-chave de Minas Gerais na corrida pela Presidência e o histórico decisivo: quem vence o segundo turno nas urnas mineiras se torna presidente da República.
“Minas é o segundo maior eleitorado do Brasil e vamos discutir as alianças para as eleições ao governo estadual e à Presidência da República, portanto, o PL continua preparando as bases, com os deputados estaduais, federais, prefeitos e vereadores, além do diálogo com os partidos de centro-direita e centro”, comenta o presidente estadual do PL.
Para o analista político e professor da Estácio BH Lucas Zandona, a direita mineira mostrou renovação das lideranças políticas com potencial para as próximas disputas eleitorais. Por causa da exigência de idade mínima de 35 anos, Nikolas Ferreira não poderá concorrer ao Senado em 2026, mas estará apto para disputar o governo de Minas com 30 anos na próxima eleição. “O senador Cleitinho é o outro nome da direita para a disputa estadual, mas ele teria que se fazer mais presente na interlocução pesada com os prefeitos nos próximos dois anos”, pondera Zandona.
Segundo o analista, o xadrez político mineiro também depende do posicionamento do governador Zema, que deixa o cargo após o segundo mandato e pode lançar o vice Mateus Simões (Novo) como candidato. “A direita não vai ter esse apoio exclusivo e fechado com o Bolsonaro. Se quiser emplacar um nome competitivo em Minas Gerais, a direita vai ter que estabelecer uma interlocução muito forte com os partidos do centro, que foram os vencedores nas eleições municipais deste ano”, avalia.
Senador Cleitinho afirma que pode ser candidato em aliança com Bolsonaro
Um dos principais nomes da direita em Minas Gerais, o senador Cleitinho Azevedo disse que pode disputar o governo mineiro e defendeu a candidatura de Jair Bolsonaro na próxima corrida presidencial. “Se o povo mineiro quiser, serei candidato ao governo do estado. Além disso, nosso candidato a presidente em 2026 é o Bolsonaro e nós estamos trabalhando para derrubar a inelegibilidade”, declarou em entrevista à Gazeta do Povo.
Na avaliação dele, a Câmara dos Deputados tem desempenhado um papel importante para reverter a inelegibilidade do ex-presidente, por meio do PL da Anistia, mas criticou a letargia do Senado na tramitação do projeto de lei.
Questionado se pode sair do Republicanos para ser candidato pelo PL, Cleitinho respondeu que não vê necessidade da troca de legenda para uma dobradinha com o ex-presidente na campanha eleitoral em 2026. “Eu sempre apoiei o Bolsonaro mesmo em partidos diferentes. Não é preciso mudar de partido, mas se não tiverem satisfeito comigo é só me avisar que eu mudo.”
Na eleição a prefeito de Belo Horizonte, o senador fez campanha para Bruno Engler, contrariando o Republicanos, que lançou a candidatura de Mauro Tramonte. Em setembro, Bolsonaro elogiou a presença de Cleitinho em um comício do candidato a prefeito pelo PL e disse que o senador é bem-vindo ao partido. “O Cleitinho ganha de W.O do (Rodrigo) Pacheco”, provocou Bolsonaro, em referência ao presidente do Senado que também pode concorrer ao governo mineiro.
Cleitinho esclareceu que ainda não discutiu com o deputado federal Marcos Pereira, presidente do Republicanos, sobre a permanência na sigla até as próximas eleições. “Não tive nenhuma conversa com ele, mas em 2025, vou procurá-lo”, adiantou.
Rodrigo Pacheco deve ser candidato de centro com apoio petista
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também figura entre os mais cotados ao cargo de próximo governador mineiro e deve receber o apoio do PT. Em entrevista ao programa Café com Política da rádio O Tempo, na última segunda-feira (11), o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) disse que o partido não deve lançar uma candidatura petista ao Executivo em Minas Gerais, caso o nome de Pacheco seja confirmado pelo PSD, sob o comando do cacique Gilberto Kassab.
“O PT deve fazer uma aliança com o centro democrático da política e ajudar o presidente Lula a ser reeleito. O meu candidato ao governo de Minas é Rodrigo Pacheco”, declarou o parlamentar petista.
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