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Sonaira Fernandes, ex-secretária de Políticas para Mulher do governo Tarcísio
Sonaira Fernandes, aliada de Bolsonaro, em cargo de secretária de Políticas para Mulher do governo Tarcísio| Foto: Mônica Andrade/Governo do Estado de São Paulo

Principal representante da família Bolsonaro na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Sonaira Fernandes (PL) foi exonerada do cargo de secretária de Políticas para Mulher do governo do estado de São Paulo na última semana em preparação para a eleição municipal. No lugar dela, a deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL-SP) assumiu a pasta, na última terça-feira (9).

Como a Gazeta do Povo mostrou, a saída de Sonaira era certa. Recentemente, ela deixou o Republicanos e se filou ao PL. De volta ao mandato de vereadora pela cidade de São Paulo neste ano de eleição, Sonaira aguarda as definições da campanha e dos partidos aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB) sobre a escolha do vice da chapa que tentará a reeleição na capital paulista.

Sonaira é bem próxima da família Bolsonaro, tendo iniciado carreira política ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Além dela, o coronel e ex-comandante do batalhão da Polícia Militar Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Mello Araújo, e o secretário de Políticas Internacionais de Ricardo Nunes, Aldo Rebelo (MDB), são cotados para a vaga de vice de Nunes na disputa à prefeitura de São Paulo na próxima eleição.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Sonaira falou sobre as movimentações e alianças políticas e acredita que a escolha sobre o vice será postergada para "não queimar a largada" e não dar margem para a oposição atacar o nome que será escolhido para a eleição em São Paulo pela chapa de Nunes.

Gazeta do Povo: Como estão as costuras para a escolha do vice do Nunes? O seu nome é uma possibilidade nessa chapa que concorrerá à eleição em São Paulo?
Sonaira Fernandes: O que existe é especulação pra que isso aconteça, mas é muito cedo pra se desenhar um cenário. Eu tenho mantido meu fluxo de trabalho com foco na reeleição de vereadora. A outra possibilidade [de ser vice] a gente está aguardando se aproximar, até para não queimar largada.

O coronel Mello Araújo, indicado pelo Bolsonaro, ainda está sendo cogitado?
Ele é muito querido, é de muita confiança do presidente Bolsonaro e trabalhou bem na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), mudando a realidade das pessoas que trabalhavam ali. Ele levou segurança e colocou muita coisa em ordem. Vamos ver o que será mais positivo. Eu venho com a questão da mulher, do imigrante, de ser negra, isso tudo eles estão construindo para, quando chegar mais próximo, ver qual vai será a melhor construção.

Como é a recepção do prefeito Ricardo Nunes a respeito do seu nome e do Mello Araújo?
As pessoas que me abordam perguntando sobre isso, que trabalham com ele e que são próximas, estão torcendo. Eu me mantenho na minha, fico discreta para não inflamar nada. Sobre o Mello Araújo não saberia dizer.

Como se dará essa escolha pelo vice?
Acredito que será em julho, na proximidade do pleito. Será uma decisão entre PL, Republicanos, MDB e todos os partidos que estiverem ali para fazer essa arrumação.

A senhora possui um perfil discreto, mas não deixa de defender suas convicções. Isso ajuda?
Prefiro me manter assim porque tem outras pessoas muito queridas e do mesmo grupo. Embora a gente esteja na política e essa postura muitas vezes pareça não ser tão política, prefiro ficar assim para priorizar a decisão do grupo. Escuto muito, hoje mesmo na Câmara ouvi muitos colegas elogiando meu nome, principalmente que eram do PSDB, do Podemos ou do PP e foram para o PL. Ali também somente ouvi, escutei, agradeci.

O que motivou sua saída do Republicanos para o PL nesse ano de eleição em São Paulo?
Fui para o PL por uma composição de chapa, uma decisão partidária e de entendimento do grupo de que seria melhor eu compor a chapa do PL para conseguir eleger o máximo de candidatos à direita. O objetivo é resgatar a direita em São Paulo, que tem uma identidade progressista que tende à esquerda. Como tenho um trabalho com as mulheres e com as igrejas, a ideia é continuá-lo e somar com o que a Michelle [Bolsonaro] está fazendo no PL Mulher. Nossa ideia é formar mulheres pelo Brasil e também no estado de São Paulo, onde temos muito a fazer.

A senhora é próxima de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Essa proximidade também ocorre com o ex-presidente Jair Bolsonaro?
Eu fui estagiária do Eduardo em 2014, ele me convidou para trabalhar no gabinete de deputado federal. Ele e o Gil Diniz me lançaram para candidata à vereadora, depois fui para a Secretaria de Políticas para Mulher à convite do Tarcísio. Estive muito próxima de Jair Bolsonaro em 2018, quando fui trabalhar em Brasília. Vivemos o período da eleição presidencial em 2018, o episódio do militante do Psol que deu a facada no ex-presidente.

Quais são os planos como vereadora na Câmara Municipal de São Paulo?
Quero agora trabalhar junto com a Comissão de Constituição e Justiça para sair alguns projetos meus que estão parados e pautar a minha frente parlamentar em Defesa da Vida, da Família e do Direito Natural. Tenho o mesmo objetivo com a frente que trabalhei com a Valéria Bolsonaro, em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. E continuar firme com a pauta da mulher, a pauta feminina.

Em quais aspectos pretende trabalhar a pauta da mulher na Câmara?
Essa semana falei na tribuna sobre o protocolo "Não se cale". Outros estados têm pedido e se espelhado nessa política. Nós temos o "Abrigo amigo", que foi uma parceria entre diversas secretarias; o "Espaço maternidade", o primeiro do tipo dentro do transporte público, com um piloto na estação da Luz da CPTM. A ideia é que a Secretaria de Políticas para a Mulher replique esse espaço em outras estações de trem. Também criamos o "Mulher viva", um auxílio aluguel de R$ 500 para vítimas de violência.

"Essa pauta ficou muito tempo somente na mão da esquerda, acham que só eles têm procuração para falar sobre o direito da mulher. Quero continuar dizendo que a mulher não precisa perder sua feminilidade, ser mãe e dona de casa para estar no lugar de poder".

Quais são os planos em relação à Frente Parlamentar em Defesa da Vida, da Família e do Direito Natural?
Nós trabalhamos nessa frente durante todo meu mandato e agora eu volto e quero retomar as discussões. Precisaria ter um representante de cada partido, mas eles não participam. Eu que reúno, chamo as pessoas, levo para as comissões e convido o público que defende.

Há alguma pauta específica e principal para tratar nessa frente?
Estamos vivendo a alta da banalização do aborto. Uma deputada do Psol fez uma provocação para que a gravidez a partir da 22ª semana de gestação fosse interrompida e estão brigando para que isso aconteça. Temos um trabalho bacana com o "Amparo maternal", com a campanha de vigília "40 dias pela vida", é um trabalho de muito tempo com essas pessoas. A ideia é que essa frente parlamentar trabalhe como uma fonte de conhecimento dentro da Câmara Municipal, que é casa de debate, buscando conhecer esses trabalhos, o que eles dizem e o que eles pautam.

Como foi trabalhar as pautas em defesa da vida e contra o aborto no governo Tarcísio?
Nós falamos sobre a mulher, a maternidade, a mulher gestante, as garantias e os direitos da mulher de gestar. Tentamos trabalhar junto com a Secretaria da Saúde para a mulher ser acolhida no primeiro atendimento da notícia da gravidez, de maneira que ela tenha acolhimento dentro do Pronto Socorro, da UBS, para que ela se sinta segura e não entenda que perdeu a própria vida porque engravidou. Tentamos atuar nessa frente, construímos o "Una-se mulher". Fizemos fóruns de debates mostrando que os direitos da mulher não abrangem só o aborto legal, mas uma gama gigantesca para acolhimento e direcionamento da mulher, para quando engravidar ela não ficar abandonada, e principalmente construir um debate que a esquerda tenta sepultar, eles querem reescrever a história.

É possível ser vice do Nunes e defender pautas de costume conservadoras, tendo em vista que a campanha dele quer atrair o eleitor paulistano de centro?
Se houver dentro do grupo um alinhamento e um planejamento de que realmente é possível uma união clara e objetiva de chapas, a gente consegue trabalhar. No meio do caminho tem as intercorrências, mas se tiver clareza sobre qual é o perfil da vice, qual é o perfil do candidato e em qual viés vamos trabalhar, é possível. Se as pessoas que têm voz ativa trabalharem e articularem nesse sentido, a gente consegue fazer um trabalho bacana e limpar esse tempo de progressistas que nós tivemos na cidade de São Paulo.

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