violência política eleição ciro gomes
Ana Paula Matos (esquerda de Ciro) diz que discurso mais duro de Ciro não é para fazer acenos à pautas de eleitores de direita nesta reta final.| Foto: reprodução/Twitter Ciro Gomes

A candidata à vice de Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial, Ana Paula Matos, disse nesta quarta (28) que ele não está fazendo um aceno à direita na reta final da campanha. A afirmação foi dada durante uma sabatina promovida pelo UOL e Folha de São Paulo ao ser questionada sobre o discurso mais agressivo que o pedetista vem adotando principalmente nesta semana, após a leitura do Manifesto à Nação, na segunda (26).

Segundo Ana Paula, afirmações como a de “fascismo de esquerda” e a adoção de pautas identitárias não significam que Ciro está fazendo acenos aos eleitores mais conservadores, e sim que reitera a crítica ao modelo político-econômico que diz ser adotado por Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Ele entende o fascismo como a tentativa de você criar uma lógica racional para fazer com que a pessoa não enxergue o ponto de vista que seria dela, ou que ela aceite: ‘olha, esse candidato, eu acho que é mais preparado, eu acho que ele não tem elementos de corrupção, mas o outro vai vencer em primeiro lugar’. Ele está denunciando isso. Esse é o termo que as pessoas entendem”, disse.

Para ela, isso explica porque o partido entrou na disputa presidencial com uma chapa puro-sangue, sem coligar com nenhuma outra legenda. O PDT chegou a conversar com o União Brasil e o PSD, mas as negociações não avançaram. Ana Paula minimizou e disse que o partido resolveu fazer uma “aliança programática com o povo”.

Ainda durante a sabatina, Ana Paula Matos disse que os atos de violência política que se acentuaram nas últimas semanas são provocados pela fome e o desemprego no país. De acordo com a candidata, as pessoas estão descontando na política os efeitos da crise econômica intensificada durante a pandemia da Covid-19.

“As pessoas pensam que ‘não posso escolher o que comer, onde meu filho [vai] estudar, onde morar, eu vou de algum modo participar dessa discussão política’. [...] Estão com dor, com revolta, porque elas estão passando fome, sem emprego, seus filhos não estão estudando bem, as mulheres estão sendo vítimas de feminicídio. Qualquer coisinha pode ser um restilho de pólvora”, completou.