Dos 4.577 boletins disponibilizados pela Justiça Eleitoral para a auditoria, apenas 970 vieram de seções eleitorais em capitais.
Dos 4.577 boletins disponibilizados pela Justiça Eleitoral para a auditoria, apenas 970 vieram de seções eleitorais em capitais.| Foto: TSE/Divulgação

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu na segunda-feira (24) a entrega de 4.577 Boletins de Urna (BUs) do primeiro turno das eleições que serão auditados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Essa etapa da auditoria do órgão começou em maio de 2021 e deve terminar em 2023. A auditoria irá fazer uma comparação entre os BUs que são emitidos pelas urnas eletrônicas ao final do dia de votação - e que contêm a apuração dos votos - com a totalização feita pelo TSE.

“Buscando obter um grau de certeza estatística de 99% quanto à integridade da informação dos BUs, os auditores do TCU requereram ao TSE os boletins de, no mínimo, 4.161 urnas que receberam votos em seções eleitorais no Brasil e também no exterior. Assim, para assegurar a realização da ação, foi acordado o envio de 4.577 BUs, para que, caso houvesse alguma intercorrência em alguma urna, o juízo de avaliação não fosse prejudicado”, afirma Carlos Ramon Silva Santos, coordenador de Auditoria de Governança e Gestão de Aquisições do TSE.

Segundo o TSE, o sorteio das seções eleitorais que serão auditadas foi feito pelos técnicos do TCU logo após o primeiro turno, utilizando um algoritmo que ampliou e pulverizou ao máximo o campo da amostra dentre os 5.570 municípios brasileiros. Foram mais de 2,3 mil localidades sorteadas. Dos 4.577 boletins disponibilizados pela Justiça Eleitoral para a auditoria, apenas 970 vieram de seções eleitorais em capitais.

A partir da definição das seções que seriam auditadas, o TSE coordenou com os 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) a logística para realizar, no prazo de 10 dias, a separação e o encaminhamento dos respectivos BUs para Brasília.

Como será feita a auditoria do TCU

No TCU, os boletins de urna físicos são transformados em dados lógicos, por meio de uma aplicação desenvolvida pelos auditores. Essa mesma aplicação faz o batimento desse dado lógico do boletim físico com a totalização feita pelo TSE no primeiro turno. Segundo a Justiça Eleitoral, um dos serviços prestados por essa auditoria será desmentir algumas notícias falsas que circulam em períodos eleitorais sobre a existência de algoritmos que, de dentro do TSE, supostamente interferem e alteram os dados das urnas eletrônicas no momento da totalização dos votos.

Responsável pelo trabalho, o ministro do TCU Bruno Dantas tem apresentado pareceres favoráveis à segurança das urnas. E a perspectiva, novamente, é de que a conferência dos boletins seja mais um passo nessa direção, no sentido de tentar dar mais credibilidade às urnas, abalada por reiteradas críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema – sobretudo pela ausência de um comprovante impresso de cada voto individual.