• Carregando...
Bacia de Pelotas, na costa do Sul do Brasil, tem a mesma origem geológica de área da Namíbia onde foram encontradas reservas significativas de petróleo e gás.
Bacia de Pelotas, na costa do Sul do Brasil, tem a mesma origem geológica de área da Namíbia onde foram encontradas reservas significativas de petróleo e gás.| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A descoberta de uma significativa presença de petróleo e gás na Namíbia, na costa ocidental da África, fez a Bacia de Pelotas, no Sul do Brasil, voltar ao radar das petroleiras. Embora estejam a mais de 6 mil quilômetros uma da outra, as duas áreas têm características geológicas semelhantes, o que alimenta a expectativa de que o litoral do Rio Grande do Sul também tenha um grande potencial a ser explorado.

O interesse de empresas como Petrobras levou à inclusão de 12 setores da Bacia de Pelotas no 4.º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão de petróleo e gás, que será realizado em 13 de dezembro pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A bacia gaúcha não era incluída em um leilão de concessão desde 2004, há quase duas décadas, quando foram arrematados seis blocos na 6.ª Rodada de Licitações. Hoje não há nenhum bloco sob contrato na Bacia de Pelotas e, portanto, nenhuma atividade exploratória na região.

Segundo a ANP, todos os 12 setores da Bacia de Pelotas disponíveis no edital receberam declarações de interesse de uma ou mais empresas e, portanto, estarão na sessão pública do 4.º Ciclo da OPC.

Ao todo, o próximo leilão de exploração de petróleo e gás natural terá 33 setores com blocos exploratórios, incluindo também áreas de exploração em águas rasas e profundas nas bacias de Santos e Potiguar.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, manifestou interesse, embora faça ressalvas quanto às chances de encontrar óleo na Bacia de Pelotas. Especialistas também consideram difícil avaliar o potencial da região.

“No Sul, tem a Bacia de Pelotas, em frente ao Rio Grande do Sul, que era, nos tempos em que Campos e Santos eram o filé – e ainda são –, algo para um dia, quando precisar”, disse Prates em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ao ser perguntando sobre perspectivas de novas fronteiras exploratórias.

Por que a Bacia de Pelotas pode ter petróleo e gás?

Os dados sísmicos que existem hoje sobre a Bacia de Pelotas são bidimensionais e conseguem apenas apontar informações sobre potenciais reservatórios com características de rochas sedimentares que podem acumular óleo e gás.

Para saber o potencial de reservas mais robustas, são necessários dados sísmicos tridimensionais, o que inexiste na bacia, assim como a perfuração de poços exploratórios.

“Trata-se de uma bacia pouco explorada, com pouquíssimos poços exploratórios perfurados em águas profundas, onde atualmente se vislumbra maior potencial exploratório”, explica a ANP.

O que faz o mercado especular sobre reservas de óleo e gás na Bacia de Pelotas é a semelhança geológica com a Margem Africana. África e América do Sul estiveram unidas num passado remoto, antes da formação do oceano Atlântico, de forma que as bacias sedimentares compartilham a mesma origem.

“A porção geneticamente ligada à Bacia de Pelotas está localizada hoje na Namíbia, que vem reportando descobertas recentes relevantes na Bacia de Orange. Isso certamente aumenta a atratividade da Bacia de Pelotas, na procura por descobertas análogas”, diz a ANP.

O géologo Pedro Victor Zalán, fundador da Zag Consultoria, observa, no entanto, que a quantidade e qualidade dos dados da malha sísmica bidimensional (2D) colhidos até hoje na Bacia de Pelotas são suficientes para identificar uma grande quantidade de prospectos análogos aos campos da Namíbia, Guiana e Gana, todos na África.

“Prospectos são situações geológicas potencialmente portadoras de óleo e/ou gás identificadas e bem controladas por sísmica. Como a quantidade de prospectos análogos a estes países é grande, pode-se estimar que os recursos petrolíferos contidos na Bacia de Pelotas sejam de grande porte também”, explica Zalán.

Segundo ele, o sistema petrolífero identificado nas linhas sísmicas 2D de Pelotas é exatamente o mesmo destes três países portadores de grandes reservas de petróleo, o que leva a crer que a Bacia de Pelotas, principalmente na sua parte gaúcha, apresenta todos os requisitos geológicos para repetir o sucesso da Namíbia.

O caso de Pelotas segue a mesma premissa da Margem Equatorial – a menina dos olhos do mercado e da Petrobras, que busca licença ambiental para explorar uma área considerada um novo “pré-sal”. A expectativa de grandes volumes de petróleo e gás na costa norte do Brasil se deve à semelhança geológica com áreas da Guiana e Suriname, mais a oeste, onde foram descobertas reservas estimadas em 13 bilhões de barris.

Na Bacia de Orange, na costa africana, a Shell e TotalEnergies já descobriram ao menos 11 bilhões de barris de petróleo e mais de 8,7 trilhões de pés cúbicos de gás natural em 18 meses, segundo o site EPBR.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]