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A primeira sede da Gazeta do Povo ficava na Rua Dr. Muricy, entre a Rua XV de Novembro e a Praça Zacarias. É o imóvel bem no centro da foto, colado ao da esquina | Acervo da Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio Cultural / Fundação Cultural de Curitiba
A primeira sede da Gazeta do Povo ficava na Rua Dr. Muricy, entre a Rua XV de Novembro e a Praça Zacarias. É o imóvel bem no centro da foto, colado ao da esquina| Foto: Acervo da Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio Cultural / Fundação Cultural de Curitiba

De casa nova

Quando em julho de 1923 a Gazeta foi transferida para o número 53 da Rua XV de novembro, não ocupou um prédio qualquer. O endereço escolhido já tinha tradição gráfica de longa data, tendo sediado a antiga Livraria Econômica, de Annibal Requião.

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No meio do caminho, uma pedra

Quem passava pela Rua XV na década de 20 nunca voltava desinformado para casa. É que ali, entre a Avenida Marechal Floriano e a Rua Monsenhor Celso, na porta da Gazeta do Povo, notícias de última hora eram coladas em uma pedra de mármore escuro, que logo foi batizada de Pedra da Gazeta. Eram notas curtas, manuscritas em aparas de papel aproveitado das próprias bobinas rotoplanas do jornal. Quando havia pressa em divulgar a informação, os redatores chegavam a anunciá-las da sacada, "no grito", levando posteriormente a rádio PRB2 a instalar alto-falantes para facilitar o trabalho dos jornalistas.

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No ano em que o rádio é transmitido pela primeira vez no Brasil e enquanto o mundo ainda se recupera da Primeira Guerra Mundial, dois advogados decidem fundar um novo jornal em Curitiba – capital com pouco menos de 78 mil "almas", conforme o censo do ano seguinte. Dispostos a criar um veículo popular e independente, Benjamin Lins e De Plácido e Silva deixam claro a que vieram: "Não temos, pois, que attender a melindres pessoaes; não temos que attender a interesses particulares; o facto, uma vez que interesse à collectividade, é um dado positivo de sua vida; deve ser conhecido, divulgado, analisado, commentado, para que delle se possa retirar as utilidades que for capaz de produzir", dizia o editorial da primeira edição da Gazeta do Povo, de 3 de fevereiro de 1919.

A ideia original era fundar uma revista jurídica, até se convencerem de que os curitibanos precisavam mesmo era de um jornal combativo, que "quebrasse a unanimidade da imprensa oficiosa do jornalismo curitibano de então", como depois seria revelado em reportagem de 1935, referente ao 16º aniversário da Gazeta.

Definido o lançamento do diário, a dupla foi em busca do apoio financeiro de proprietários de erva-mate e indústrias madeireiras. Com a cooperação de um grupo que incluía intelectuais como David Carneiro, o empresário Agostinho Leão Júnior e outros nomes ilustres, fundaram a Plácido e Silva & Cia. Ltda., a primeira sociedade por cotas de responsabilidade limitada surgida no país. A sede do jornal ficava no antigo prédio da família Taborda Ribas, na Dr. Muricy, 95, entre a Rua XV de Novembro e a Praça Zacarias. As notícias chegavam por telégrafo e o jornal era composto manualmente pelo método tipográfico. Mas a Gazeta não cumpria apenas com seu papel de imprensa. Ela movimentava também os meios científicos e literários do Paraná, com a impressão de revistas e livros, como "Pautas Ferroviárias", de Eugênio da Gama e "Sonatinas Morosas", de Rodrigo Júnior.

No jornal, não era comum os redatores assinarem as matérias, o que dificulta hoje a identificação exata dos colaboradores da Gazeta naquele tempo, mas em 1921 já eram conhecidos os repórteres Silva Pereira, Dirceu Lacerda, Carlos Rubens, Ernani Cartaxo e Acir Guimarães. Nesse mesmo ano, Benjamin Lins deixa o cargo de diretor, Guimarães assume a chefia de redação e Cartaxo torna-se o redator-secretário. Em 1923, De Plácido e Silva transfere a Gazeta do Povo para novo endereço, no coração da Rua XV.

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