
“A população deixou bem claro que quer um transporte público de qualidade com um preço acessível. Esses são os dois pontos em que devemos nos concentrar para buscar a recuperação do número de passageiros perdidos entre 1995 e 2005, quando tivemos um decréscimo que chegou a 30% dos usuários em todo país”, resume o diretor executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Marcos Bicalho dos Santos.
Veja vídeo: reconquistando passageiros
A preocupação em atender essas duas demandas, expressa pela população nas manifestações que se espalharam pelo Brasil em junho de 2013, segue refletida em números atuais sobre os usuários do transporte coletivo: de 2014 para 2015, os ônibus deixaram de transportar 900 mil passageiros diariamente em 16 grandes cidades, ou seja, uma retração de 4,1%, segundo a NTU. É o quarto ano seguido de perdas no setor.
Reverter esse quadro é um dos grandes desafios de empresários e gestores públicos; não só por questões econômicas, mas, principalmente, para que as cidades não parem. “Com o grande volume de carros nas ruas, houve uma queda na velocidade dos ônibus da Região Metropolitana de Curitiba [RMC]. Nas cidades vizinhas, a velocidade média é de 30 km/h; chegando à capital, cai para 12 km/h. Essa redução compromete a qualidade, sobe os custos. Aumentando a velocidade, voltamos a conquistar mais gente para o transporte porque se reduz o custo, aumenta a qualidade e a pontualidade, competindo com os atrativos do automóvel”, diz o assessor técnico da Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba), Euclides Rovani.
Além de intervenções urbanas, como a criação de novas vias, corredores exclusivos e BRTs (bus rapidtransit, ou “transporte rápido por ônibus”), é necessário que o passageiro não pague sozinho a tarifa e que haja investimento tecnológico para ampliar a qualidade do serviço, explica LessandroZem, presidente da Metrocard, associação que gerencia a bilhetagem do transporte na RMC. “Há necessidade de subsídio do poder público e outras formas de taxas sobre o transporte individual, em favor do coletivo. Investindo massivamente em sistemas de bilhetagem eletrônica, mira-se em possibilidades futuras de redução de alguns custos do sistema, aumenta-se a segurança com a diminuição de recursos financeiros dentro dos coletivos”, destaca.
