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Há uma década e meia a torcida do Coritiba sonha com o retorno de Alex. O meia é visto como uma espécie de messias, alguém que automaticamente conduzirá o clube à terra prometida dos grandes títulos.

O anúncio da rescisão de Alex com o Fenerbahçe só fez aumentar esse sentimento. A possibilidade de retorno é plenamente real. Há um acordo apalavrado, que só não será transferido para o papel se o Coxa cair. E a campanha atual não só põe esse acerto em risco, como prejudica a possibilidade de Alex ser anunciado no dia do aniversário do clube, sexta-feira da semana que vem. O único porém é a expectativa excessiva sobre Alex. Ele tem um talento acima da média e em pouco tempo será um dos grandes jogadores em atividade no Brasil. Mas não fará o Coritiba grande sozinho.

Não basta o retorno de Alex ser bom apenas para o clube. Precisa ser bom para ele. Alex tem consciência de que, se vier em uma situação desfavorável, acabará pondo em risco tudo que construiu no Coxa. Diga-se, uma imagem que se reforçou muito mais com ele fora do clube. Um caso raro de idolatria a distância.

Quando diz que "falta mastigar algumas coisas, principalmente relacionada ao lado de fora do campo, já que tenho esposa e três filhos", pensa também em não deixar sua família vulnerável a torcedores frustrados com o desempenho do time. Alex precisa ter a segurança de ser visto como alguém capaz de levar o clube a um outro patamar, sim, mas sem perder o direito de errar. Alex precisa ser visto como um mortal, não como messias.

Cada um na sua

No sábado, véspera da partida com o São Paulo, houve uma reunião entre integrantes da Império Alviverde, Marquinhos Santos e Tcheco. O encontro foi costurado por Luiz Betenheuser, blogueiro do Globo Esporte.com, com a anuência do presidente Vilson Ribeiro de Andrade. Conheço o Luiz o suficiente para dizer, com segurança, que a intenção dele é a melhor possível, de ver o Coritiba livre do rebaixamento e retomando o crescimento ensaiado nos dois últimos anos. Ainda assim, confesso sentir um frio na espinha ao ver a organizada e o clube tão próximos novamente. A lembrança de 2009 é inevitável. Um ano em que chegou-se ao cúmulo de ser o pavilhão da organizada e não o do Coxa que enfeitava o palco no jantar do centenário. O fim da história todo mundo conhece.

Agora, três anos depois, o Coritiba se reaproxima da organizada na mesma medida que sente o calor da zona de rebaixamento ficar mais intenso. O 6 de dezembro foi tão forte e ainda é tão recente que fica difícil crer na repetição daquelas cenas. Ainda assim, essa proximidade soa como um risco desnecessário. Melhor cada macaco no seu galho: jogadores jogam, torcedores torcem, técnico treina o time, dirigente dirige o clube. Quando essas funções se aproximam a ponto de quase se confundirem, o final nunca é feliz.

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