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Andy Irons afirmou que perdeu a paixão pelo surfe | Sérgio Moraes / Reuters
Andy Irons afirmou que perdeu a paixão pelo surfe| Foto: Sérgio Moraes / Reuters

Após quase um mês de silêncio, Andy Irons resolveu abrir o jogo. Em entrevista à "Surfline", o tricampeão do mundo disse que desistiu das duas últimas etapas do Circuito Mundial (WCT) porque não agüentava mais fingir. Perdeu a paixão pelo surfe e tudo o que deseja é ficar longe das competições. Pelo menos por um tempo. O havaiano não virá para o WCT Brasil e ainda não sabe se irá a Pipeline. Ele também põe em dúvida sua participação em 2009, pois só vai voltar se for para vencer. Garante que, se voltar, vai dar o troco em Kelly Slater, para quem perdeu duas vezes seguidas no início do ano. E, ao contrário do que todos pensam, ele diz ser amigo do eneacampeão mundial.

Em 2003, Andy conquistou o título mundial com uma vitória sobre Slater na final do Pipeline Masters, última etapa da temporada. Três anos depois, voltou a vencer o americano na final havaiana, desta vez com uma virada épica. Naquele ano, Slater tinha conquistado o octacampeonato mundial por antecipação.

"Sempre digo 'Não posso ficar chateado de perder se o cara para quem eu perdi ganhou o campeonato'. Se eu estiver 100%, posso derrubá-lo. Mas, no momento, eu só quero botar minha cabeça no lugar e me apaixonar pelo surfe novamente. Deixo para vocês o papo sobre rivalidade, título mundial, etc. Eu mataria os sonhos de vocês se dissesse que eu e Kelly somos realmente amigos?"

Andy Irons foi campeão mundial de 2002 a 2004. Nos últimos dois anos, porém, bons resultados passaram a ser esporádicos. Sua última vitória foi no ano passado, no Chile. A frustração nas competições chegou ao auge em setembro, quando ele não apareceu para a disputa da repescagem no WCT da França, onde enfrentaria o paranaense Jihad Kohdr. Nenhuma explicação foi dada à Associação dos Surfistas Profissionais (ASP), e ele também desistiu de ir para a etapa seguinte, em Mundaka.

"Foi uma decisão que tomei depois da primeira bateria. Sentia que não era o que eu queria, e que enlouqueceria se ficasse e tentasse fingir por mais tempo. É difícil explicar. Tenho que voltar a Jeffreys Bay (etapa sul-africana), quando eu estava com muito frio, e realmente queria perder a bateria contra o Granger Larsen e ir embora. Eu até dei a ele uma onda esperando que ele pudesse virar a bateria. Desde então, toda vez que eu visto uma camiseta de competição, parece que eu estou batendo com a cabeça numa parede e causando mais problemas com meus patrocinadores, fãs, juízes, tudo. O que as pessoas não entendem é que estou tão confuso quanto elas".

Andy está na Califórnia tentando pôr a mente no lugar. Tem saído para jantar, ido ao cinema. Brasil? Nem pensar. Havaí? Não sabe ainda.

"Não quero ser um desses caras que dizem não ligar, e apenas ficam no top 10 por alguns anos. Eu quero vencer tudo, do contrário nem quero entrar. Atualmente, estou num momento em que não me importa como as ondas estão. Não quero nem vestir uma camiseta. Vocês podem achar que eu estou "desperdiçando" meu talento ao ficar longe das competições por um tempo, mas eu finalmente estou numa situação confortável, em que eu posso honestamente dizer: se vocês me virem no circuito de novo, é porque eu estarei lá para ganhar, porque estarei 100%. Se não me virem mais é porque encontrei a felicidade longe das vitórias, e talvez essa seja a maior realização que eu possa ter".

Ele confessa que a decisão de seu irmão, Bruce, de deixar o WCT no fim do ano para virar freesurfer o afetou.

"Eu achava que não, mas, pensando bem, pegar ondas ruins em Bells enquanto Bruce está surfando ondas perfeitas em algum lugar no mundo vai me deixar louco".

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