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Gonzales ri da última posição conquistada em Vancouver | Oliver Lang / Reuters
Gonzales ri da última posição conquistada em Vancouver| Foto: Oliver Lang / Reuters

Há mais de duas décadas, um gordinho simpático assistia televisão em sua casa nos Estados Unidos. Nascido na Argentina, Ruben Gonzalez trabalhava no comércio de copiadoras e sonhava em dar um novo rumo a sua vida. E o estalo surgiu na tela, enquanto contemplava os esportistas olímpicos nos Jogos de Sarajevo-1984. Hoje, aos 47 anos, o atleta do luge, de 1.83m de altura e 90kg, diverte-se com a sua sina de ser sempre o último colocado nas quatro edições do evento que já participou.

Nos Jogos de Vancouver, a história não foi diferente. Gonzalez teve o pior tempo da disputa ao ficar com uma desvantagem de mais de 15s para o campeão olímpico, o alemão Felix Loch.

"Parece que eu tenho muita sorte para conquistar o último lugar. Alguém tem que se esforçar muito para tentar tirar isso de mim. Sabe, eu nem gostava de luge nos primeiros 20 anos de treinamento, mas era o meu ingresso para as Olimpíadas. Eu precisava de um esporte que quebrasse muitos ossos, porque sabia que teria muitos desistentes. E eu nunca desisto. Serei o último homem em pé", brincou, em entrevista ao jornal americano "Los Angeles Times".

A jornada de Gonzalez no luge começou após ele assistir à conquista da medalha de ouro pelo patinador americano Scott Hamilton em Sarajevo-1984. O físico do atleta impressionou o comerciante. "Ele era muito pequeno e eu disse que se ele pode ir às Olimpíadas, eu também posso".

A partir daquele momento, o argentino ficou obcecado com a ideia de disputar os Jogos. Porém, em 21 anos de vida, ele nunca se interessou por nenhum esporte. E o ponto de interrogação sobre qual modalidade escolher apareceu em sua cabeça.

"Eu fui à livraria e li muitos livros sobre todas as modalidades dos Jogos de Verão. Só que percebi que precisava ser um super atleta. O problema é que eu sempre era o último escolhido nas aulas de educação física da escola. Aí, eu tive a ideia do luge, que me pareceu ser boa porque ultrapassava a minha deficiência atlética", contou.

E assim começou a trajetória de últimas colocações de Gonzalez. Porém, essa história pode chegar ao fim após Vancouver. Amigo de Nodar Kumaritashvili, morto após um grave acidente nos treinos de sexta-feira, o argentino não sabe se continuará no esporte. Ele e o georgiano treinaram juntos há dois anos, em Latvia.

"Éramos só nós dois treinando. Era uma pista muito difícil. Antes mesmo de eu pedir ajuda, ele me ofereceu. Enfim, há algumas semanas, eu não diria que poderia parar. Eu queria continuar. Mas, depois desse acidente, tive uma nova perspectiva e pensei que tenho outras coisas para fazer na vida. Isso não é mais para mim. Não sei mais comemorar. Em um momento em que normalmente eu aproveitaria cada segundo, eu apenas quero ir embora e comer um cachorro quente", explicou.

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