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Dortmund – O semblante abatido, o discurso pouco esperançoso e a tática de sigilo inédita revelam o peso da reviravolta mais estrondosa da Copa da Alemanha para o técnico Zico. Quatro anos de trabalho reduzidos a oito minutos.

A virada relâmpago da Austrá-lia sobre o Japão (3 a 1), na estréia, reforçou o já desconfortável encontro do técnico contra seu próprio país em Mundiais e minou as pretensões nipônicas.

Hoje, nem a vitória sobre os poderosos pentacampeões, considerada improvável até pelo próprio treinador, livra o Japão do adeus. O time depende de outros resultados. Um triunfo australiano sobre a Croácia anularia a tática kamikaze a ser utilizada hoje.

"Tenho de fazer gols, pelo menos, ou nada adianta. Quem sabe aquela história: tanto bate até que fura", espera, indicando a mesma estratégia usada exatamente um ano atrás, quando por pouco não despachou o Brasil na Copa das Confederações.

Apesar de sinalizar por um jogo aberto, Zico recorreu ao sigilo pela primeira vez à frente da seleção japonesa. "Nem os jogadores sabem quem vai entrar. É um jogo diferente e me reservo ao direito de não escalar o time. Fiz isso (anunciou o time antecipadamente) 71 vezes, hoje (ontem) não vou fazer", disse.

Mesmo apegado ao fio de esperança, o realista Zico de certa forma antecipou na longa entrevista a despedida da seleção japonesa. "Vou dar um tempo no meu ciclo no Japão após 14 anos", disse. A decisão do treinador foi tomada há dois meses.

O entusiasmo ao falar do futuro profissional reforçou o ponto final. "Quero trabalhar na Europa. Dar um salto na minha carreira", contou, sem escolher um país em especial. Ênfase mesmo, só ao descartar qualquer hipótese de voltar ao Brasil. Nem mesmo pelo coração flamenguista.

Ciente de estar fazendo seus últimos discursos à frente da equipe, Zico aproveitou para alfinetar mais uma vez a Fifa. "Acho que comecei a ser visado no sorteio e hoje vejo acontecerem coisas só contra o Japão", desabafou.

A suposta perseguição na opinião dele é resultado das criticas ao critério de definição dos cabeças-de-chave do Mundial. A retaliação seria uma série de erros de arbitragem apontada por ele contra a sua equipe.

O clima desanimado e crítico só deu trégua quando o assunto foi a admiração dos atletas brasileiros por ele. "Trabalhei a vida toda para dignificar a carreira de jogador e saber desse respeito é o que de bom se leva nessa vida", disse o Galinho de Quintino, com o primeiro sorriso da tarde e quase emocionado.

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