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Paris Dakar de 2012 percorrerá, além de Argentina e Chile, o Peru | Divulgação
Paris Dakar de 2012 percorrerá, além de Argentina e Chile, o Peru| Foto: Divulgação

Obstáculos

Dunas preocupam competidores

É consenso que o principal desafio da 34ª edição do Dakar será a areia. O trajeto da Argentina ao Peru terá dunas em 8 das 14 etapas.

Segundo o experiente motociclista Dimas Mattos, com 29 anos de carreira, a dificuldade não deixa a desejar em nada para o relevo do Saara – palco original do evento. "A organização encontrou lugares terríveis. O calor e as dunas serão muito mais intensos neste ano", afirma.

André Azevedo concorda. Após 25 anos de Dakar, ele garante que a competitividade é a mesma deste lado do Atlântico. "A única coisa que se perdeu um pouco foi o glamour, o medo de ficar perdido. Agora as condições são muito melhores e se perder é quase impossível", conta.

Mesmo assim, o objetivo da maioria dos competidores é terminar a prova. "Quem se importa muito com a classificação dirige de forma mais agressiva e se complica. Só atravessar a linha de chegada já é uma vitória", garante Jean Azevedo.

Em 34 edições, o melhor resultado brasileiro foi em 1999: André Azevedo vice nos caminhões. O alto custo é apontado como fator determinante. Segundo André, o investimento de cada equipe é de 1 milhão de euros nos carros, 400 mil nos caminhões e 250 mil nas motos. "Não tem como competir com as equipes de fábricas", pondera, admitindo já pensar na aposentadoria.

"Um Rally dos Sertões anabolizado". A definição pretensiosa é para a corrida mais difícil do mundo – o Dakar – e dá a dimensão da força que a competição brasileira alcançou nos últimos anos. O autor da comparação é o piloto de motociclismo José Hélio Rodri­gues, pentacampeão nacional e que irá disputar a partir deste domingo o seu terceiro Dakar. "Os pilotos brasileiros começaram a perceber que o Dakar não é tão diferente do nosso rali", afirma.

O fortalecimento do Sertões alavancou a presença de competidores do país no evento internacional. A 34.ª edição da mais famosa prova off-road mundial irá contar com a participação de sete brasileiros nas motos, duas duplas nos carros e uma equipe na categoria caminhões – aumento de 40% em relação ao ano passado.

O piloto de moto Felipe Zanol, 30 anos, irá estrear nas trilhas sul-americanas devido aos bons resultados conquistados na corrida sertaneja em 2010 e 2011. Ele foi vice-campeão duas vezes consecutivas e chega ao Dakar como um dos favoritos a brigar pela liderança. "O Sertões é uma corrida com um nome muito forte, reconhecida internacionalmente e que cada vez mais conta com a presença dos principais pilotos do mundo. Foi ele que me abriu as portas", diz Zanol.

Os principais adversários serão justamente os algozes na corrida brasileira. O espanhol Marc Coma e o francês Cyril Despres venceram as duas últimas edições do Sertões e são apontados como as principais estrelas do rali mais famoso do mundo.

A principal novidade em 2012 é a mudança no percurso. A competição, que saiu do deserto africano e se instalou na América do Sul há quatro anos, terá pela primeira vez a chegada no Peru.

Os pilotos vão encarar um trajeto de 9 mil quilômetros em 14 dias de estrada. Após a largada em Mar del Plata, na Argentina, passarão pelo Deserto do Atacama, no Chile, e atravessarão o Peru até aportar em Lima, no dia 15 de janeiro.

A inclusão de um terceiro país na rota agradou os pilotos. Apesar do nível de dificuldade aumentar, eles acreditam que, por ser um terreno desconhecido, o equilíbrio entre as equipes tende a ser maior. "Vai ser um dos ralis mais difíceis dos últimos anos. Mas, como ninguém correu no Peru, a dificuldade será a mesma para todos", aponta Denisio Nascimento, outro estreante, também nas motos.

Além dos novatos, estarão em ação figuras que conhecem bem os perigos do deserto. André Azevedo, piloto de caminhões, vai para seu 25.º Dakar consecutivo. Ele é o terceiro que mais vezes participou da competição e, apesar de toda a experiência, não esconde a ansiedade para pisar fundo no acelerador. "Já estou com aquele friozinho na barriga. A mudança da tecnologia é muito grande de um ano para o outro, o trajeto também mudou. Tudo isso deixa cada edição imprevisível", explica.

O irmão de André, Jean Aze­vedo, também experiente, será outra estrela brasileira. Ele volta a competir na categoria carros, após guiar uma moto no ano passado. Terá a companhia do navegador curitibano Emerson "Bina" Cavassin na equipe Petrobras Lubrax.

A dupla irá usar um veículo novo e aposta em bom desempenho nas areias andinas. "Sabemos do potencial competitivo do novo carro. Esperamos ficar entre os dez primeiros", projeta Cavassin.

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