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Os personagens mais comentados do futebol brasileiro não são mais os jogadores. Os atores que fazem o jogo perderam espaço para os técnicos. Os clubes não se empenham tanto para contratar um jogador de qualidade, mas fazem verdadeiro esforço financeiro para buscar um técnico por preços elevados que nem sempre estão ao alcance das finanças do clube. Quando Dorival Júnior deixou o Coritiba faturava, mensalmente, R$ 150 mil. Foi contratado pelo Vasco da Gama por um salário mensal de R$ 280 mil.

O gozado nesta história dos treinadores brasileiros é que eles não oferecem garantia alguma de êxito. Todos têm boas intenções e os fatos concretos diferem da teoria. Uma exceção no futebol paranaense é Geninho. Campeão do Brasil em 2001, comandou vitoriosamente a recuperação do Atlético contra o rebaixamento no ano passado. Continua no Rubro-Negro e é ídolo da torcida. Não tendo a felicidade de ser campeão do Paraná e enfrentando dificuldades no Brasileiro, terá o mesmo destino implacável dos seus colegas desempregados.

A torcida é impaciente e os dirigentes são personagens que nunca assumem suas responsabilidades. Logo, o mais fácil e demitir o treinador. Essa cultura de trocar de técnico com facilidade fez da categoria profissional verdadeiros leiloeiros do trabalho diário. Procuram tirar o máximo que podem – sem merecer em muitos casos – porque colocam no preço os riscos que correm, até de dispensa, sem aviso prévio. O Coritiba demitiu um treinador depois de uma vitória contra o Atlético e o dispensado soube do seu destino por um repórter. Só depois tomou conhecimento formal do ato demissionário.

A rotatividade dos treinadores no futebol brasileiro é uma constante. Técnicos com estabilidade são muito poucos. Muricy, Luxemburgo e Mano Menezes, por exemplo. A estabilidade perdura enquanto as vitórias e os títulos acontecem. Os treinadores não fazem gols e nem grandes defesas, simplesmente não jogam. O sucesso deles depende dos atores que estão em campo e quase sempre os mais paparicados são os donos da área técnica dos campos de futebol.

Passou o tempo em que as figuras centrais dos jogos eram Pelé, Garrincha, Didi, Coutinho, Tostão, Gérson, Zico e outros tantos. Profissionais da qualidade dos citados eram mais importantes que os treinadores e em campo se transformavam em verdadeiros líderes inspiradores de concepções táticas e posicionamento de jogadores. Exemplos clássicos de técnicos que dirigiam máquinas talentosas de jogar futebol sem expressão relevante estão ao alcance da memória do colunista, como Lula, no Santos; Feola, no São Paulo e seleção brasileira; e Paulo Amaral, no glorioso Botafogo.

Mais uma vez o Coritiba vai se sujeitar aos caprichos de um novo treinador. É a rotina de um futebol que vive de episódios e não de planejamento constante. Que seja feliz.

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