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Não é elogio dizer que está em São Paulo o melhor fute­­­bol do Brasil. É uma incontestável constatação. A decisão de ontem no Pacaembu foi uma peça magnífica de raça e de amor incontrolável aos clubes em confronto. A atitude de Gan­­so, um dos melhores jogadores do país neste momento, foi comovente. Com a expulsão do volante Roberto Brum, o técnico Dorival Jú­­­nior, incontinente, chamou o atacante para ser substituído. O resultado de 3 a 2 para o Santo André poderia ser ampliado com o enfraquecimento do ataque santista e a consequente posse de bola, ainda maior do time do ABC. Foi o momento mais dramático do jogo.

Ostensivamente, parecendo até desobediência, Paulo Henrique Ganso gesticulava vigorosamente mostrando que não queria sair do jogo. Compreensivo e democrático, Dorival Júnior entendeu a atitude de grandeza do craque e o deixou em campo. Era a única referência ofensiva dos santistas e Ganso mostrou que a superação é uma virtude dos valentes e dos que se entregam à luta com um amor inspirado em forças superiores e mais forte do que a simples vontade humana. Essas mesmas forças do universo livraram o Santos de tomar mais um gol aos 45 minutos. A bola tocou caprichosamente na raiz da trave direita quando absolutamente ninguém do Santos poderia interferir na trajetória da joia disputada com afinco pelas duas equipes.

Ao terminar a decisão com oito contra dez jogadores do Santo André, o Alvinegro do negro mais famoso do Brasil – o nosso coroado Pelé – sentiu o sabor da sorte que protege os que se entregam com alma e sangue ao objetivo de vencer.

Foi um jogo dramático de final perfeito graças à organização do campeonato e ao comando firme da Federação Paulista de Futebol. O futebol de São Paulo é tão forte que, dos quatro finalistas, dois clubes são considerados pequenos, Santo André e Grêmio Prudente. Dos grandes, sob todos os pontos de vista, apenas o campeão Santos de Neymar e Ganso e o São Paulo de Rogério Ceni. Não é por outra razão que o estado de São Paulo é o mais importante manancial de jogadores do país.

Aos outros clubes fica a renovada demonstração de que cuidar e investir nas categorias de base é o santo e mais barato remédio para qualificar o futebol brasileiro. É assim que se faz a qualidade fortificada da técnica e do talento dos nossos clubes.

Não pense o leitor que eu tenho predileção pelo Santos. Meu clube em São Paulo é outro, mas, quando se trata de assistir ao futebol de qualidade, minha cabeça mergulha inteira no time que possui os melhores, mais jovens e dedicados jogadores. A arte está acima de tudo.

O Santos aprendeu esta sábia lição em 1958 quando apresentou ao mundo Pelé, rei de um tempo e majestade de sempre.

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