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Não é cômoda a situação do Paraná Clube. Conseguiu uma posição sólida no Campeonato Brasileiro e aos poucos foi perdendo estabilidade. A explicação mais simples está na ciranda do comando técnico.

A primeira grande perda foi a saída de Caio Júnior, já no final do ano passado, que tinha uma equipe competitiva e que conquistou uma sofrida e justa vaga na Copa Libertadores. Foi contratado Zetti, obrigado a trabalhar com um time completamente diferente.

Muitos jogadores foram negociados e outros tantos contratados. Zetti deu conta do recado. Perdeu o estadual, mas fez bonito na Libertadores e começou bem o Brasileiro. Zetti também saiu. Foi contratado Pintado, mais conhecido como um bom jogador do São Paulo e treinador de pouca experiência, mas com a qualidade de ter sido treinado pelo grande Telê Santana. Começou seguindo a cartilha de Zetti e quando convidado para ir trabalhar nos Emirados Árabes preferiu ficar no Tricolor. Recebeu aumento salarial e algumas garantias contratuais. Com alguns insucessos no campo, refluiu e resolveu aceitar a nova proposta dos árabes.

Sai e deixa Gílson Kleina em seu lugar. Ele, que já passou pela Vila Capanema e não foi feliz, faltou-lhe experiência. Rodou por clubes e regiões diferentes e está de volta. Nos últimos oito meses é o quarto treinador do Paraná. Todos muito bem educados, cavalheiros, mas cada um com o seu jeito de trabalhar. Personalidades parecidas e conceitos diferentes sobre como jogar futebol. Nenhum absurdo.

No Brasil todos acham que são capazes de fazer o papel de treinador. Todos entendem de futebol. Mas poucos reúnem as qualidades de um bom técnico: conhecimento, relacionamento afável, bom conselheiro, duro, sem perder a ternura (Guevara), psicólogo, irmão, pai, amigo e líder com autoridade, sem ser autoritário.

Vê-se que não é fácil encontrar treinadores com tantas qualidades humanas e profissionais. É claro que o descompasso é grande com tantas alterações no comando técnico paranista.

Como qualquer mortal, os técnicos de futebol também têm suas preferências por determinados jogadores. A torcida então, nem falar. Até nós, jornalistas, temos nossos pendores por esquemas e atletas. Nada aviltante. O futebol é uma paixão conflituosa, por conseqüência as divergências são inevitáveis. Exatamente por ser assim, o futebol é discutido todos os dias, antes, durante e depois dos jogos.

Retornemos ao Paraná. O jogo de hoje contra o Flamengo não é só a transição do comando técnico, com a saída de Pintado e a posse de Kleina logo a seguir. Vale muito mais: a recuperação da torcida e o retorno ao crescimento técnico neste Campeonato Brasileiro.

airtoncordeiro@gazetadopovo.com.br

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