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O desabafo do técnico Dunga quando terminou o jogo que consagrou o Brasil campeão da Copa América embutiu uma ressentida declaração contra os que não confiaram no seu trabalho e na seleção que ele montou. A vitória às almas puras é um murro nos que criticaram sistematicamente a seleção que foi à Venezuela. A vitória, nunca imaginada pelos censores da seleção, foi a resposta adequada ao momento vivido por Dunga e seus comandados. Claro que puras são as almas das crianças mencionadas pelo guerreiro treinador do Brasil. Os impuros, na atitude e no comportamento, são os pessimistas, os céticos e os que imaginaram interferir, pela mobilização da opinião pública, no trabalho dos campeões da Copa América.

A seleção derrotou a Argentina com grande autoridade e não foi ameaçada jamais no jogo de ontem. Valeu a determinação do time. Não pensou em jogar com brilho – esta seleção não é brilhante – mas demonstrou que disciplina técnica, tática e compromisso com a dignidade profissional valem um grande título, mesmo sem ter a confiança nacional.

O futebol é assim, como a vida, surpreendente. Não se subestime a saga dos lutadores, guerreiros destemidos, principalmente quando provocados pelo deboche dos derrotistas.

Ainda bem que o Brasil tem no esporte uma válvula de escape para tantas dificuldades. Dunga continua o mesmo. Dá de ombros para os que injuriam as suas qualidades e se coloca acima dos críticos mortais.

Vaia sagrada

Já virou moda dizer que o presidente Lula não vê nada, não sabe nada e não faz nada para corrigir o que está errado no Brasil. O povo, prosaicamente, repete o que Lula fala quando perguntado sobre corrupção e outros desvios de conduta. "Não sei, não fui informado, estou esperando as provas", tem sido a reação de Lula aos atos ilícitos e vexatórios que brotam no governo que comanda e em todos os níveis da vida pública nacional.

Cansados de tanta omissão, os brasileiros reunidos na Maracanã fizeram uma advertência em forma de vaia ao ex-metalúrgico que defendeu tão ardorosamente os direitos dos trabalhadores, a honestidade e os ideais de uma sociedade justa, sem safadezas acobertadas por conveniência política. Lições que o tempo fez Lula esquecer. A vaia na abertura dos Jogos Pan-Americanos foi uma censura pública mais pesada que uma decisão judicial. A vaia sagrada que saiu forte da boca do povo significa a aplicação de um corretivo na maior autoridade do país. E a defesa de Lula foi a humilhação de ficar calado e ir embora desconcertado.

Por esse gesto popular de coragem e sabedoria valeu a artística e bem executada abertura dos Jogos Pan-Americanos.

Vaia sagrada, fazei Lula enxergar a triste realidade.

É a contribuição do esporte brasileiro olimpicamente representado no Rio de Janeiro.

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