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Não gosto de modas, modismos, especialmente modismos léxicos e comportamentos que estão em moda, como beijar o distintivo do clube depois do gol, por exemplo.

Não espalhe, mas cada vez que vejo um jogador profissional de futebol repetir pela enésima vez o tresloucado gesto, o mecânico gesto, o gesto vazio, a imitação barata, servil, abjeta do mesmo, penso em mudar de canal, de time, de sexo, de raça, nacionalidade, cor, tudo! E sonho ser útil, pacífico, prestativo, anônimo, honesto hidrante de recalque... na 5.ª avenida, claro.

Cara pálida, posso fazer tímida pergunta, algo assim tipo sem compromisso, consultazinha rápida, rasteira, indolor, insossa, inodora? Será que pega bem a um hidrante de recalque receber na pia baptismal (sic) o maravilhoso, o poderoso, o inigualável, o singular, o notável, o porreta nome de Norma Sueli?

Ah! Ser hidrante de recalque, ser Norma Sueli! Entre comandar os povos, tomar porre de pura com guaco lá no Parolin e ser (ou estar?) Hidrante de Recalque, mas pode me chamar de Norma Sueli, cravo coluna três, claro. Modestamente. Voltemos à vaca fria.

Sou do tempo, do afortunado tempo, em que a rapaziada comemorava os golos em grupo, coletivamente, solidariamente, fraternalmente. Beleza.

Sou do tempo, do afortunado tempo, em que a rapaziada corria para um mesmo ponto e se juntava numa imensa pirâmide humana. Bons tempos, aqueles. Sou do tempo do Crioulo&Cia. Ilimitada, do grande Santos, do impecável uniforme só branco a se unir em torno dele – manto imantado – numa só peça, a subir como invencível Babel porque todos falavam a mesma, a única, a precisa, a inequívoca língua do "foot-ball association". Aleluia.

Sou do tempo em que o Pelé inventou a mais original, a mais personalizada, a mais marcante comemoração de gol da já longa história do velho e rude esporte bretão: a corrida, o salto, o braço direito flexionado, o punho fechado, o vibrante golpe no ar. Combinação perfeita, com a assinatura do Rei, sua marca registrada, todos os direitos reservados. Aleluia!

E agora, José? Agora é suportar quatro patetas brasileiros a se lançar no gramado a imitar epilépticas baratas com o lendário uniforme do Real Madri! É ver&ouvir legiões de panacas a elogiar gesto tão idiota! E, não, oh, não! A rir, meu Deus, a rir perdidamente.

Nesse caso, mas não apenas nesse caso, afirmo que rir não é exatamente próprio do homem, não é sua característica, sua distinção. Por falar nisso, seria próprio da nossa irmã, nossa semelhante, a hiena?

Que tempos, que costumes.

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