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E o Baixinho, hein? Emplacou quarentinha! Quem diria, hein? Em homenagem à data, ao feito, à efeméride (enriqueça seu vocabulário, cara pálida), batucarei duas ou três mal traçadas coisas que sei sobre ele. Com licença.

Sou afortunado contemporâneo do nascimento-crescimento-amadurecimento-auge-declínio-e-fim-da-brilhante carreira do Romário. Que para o locutor que vos fala não é o maior centroavante do mundo de todos os tempos, sequer o maior centroavante brasileiro de todos os tempos: seu lado Macunaíma ("ai, que preguiça!) é intransponível obstáculo a esta e outras pretensões dos seus fãzocas (entre os quais me incluo), das suas macacas de auditório (entre as quais me excluo).

Além do aspecto Macunaíma, o Baixinho é limitado à leste pela sua queda, pelo seu xodó, o lado esquerdo do campo; destro, só cai pra esquerda, só se desloca pra esquerda.

Não sei se você notou, mas ele não tem sul; nunca teve. Menino, inteirinho, na ponta dos cascos, a gente pode contar nos dedos de uma só mão as vezes que se dignou recuar até seu campo, a vir aquém da linha central.

Pior, muito pior

Mas tudo isso não é o pior. Pra mim muito pior é a notável ausência de solidariedade, de entrega, de cooperação no chato, no suado, no cansativo esforço defensivo – o Baixinho sequer se dá ao luxo de cercar, simplesmente cercar, algum desavisado adversário que passe por perto.

Como esquecer duas outras graves limitações? Uma decorre do lado Macunaíma; a outra, do lado saci-pererê. Vejamos.

Claro, claro, ele chuta com a esquerda, arremata com ela, define com a dita. Mas não trabalha com a sinistra. Isto é, não passa, não dribla, não nada, nonada, com a zurda.

Finalmente. O caráter Macunaíma empurra-o para as "sobras", para "os fins de feira", para "as migalhas" caídas das mesas dos banquetes.

– Como assim? Não entendi.

– Seguinte. Ao invés de se antecipar, de entrar na frente, de chegar antes, o Baixinho costuma abrir, se esconder, ficar atrás dos beques, à espera de uma falha ou à espera de ser descoberto. Entendeu? Exemplificarei; relaxe.

Quando a equipe avança pelas laterais ou quando se aproxima da linha de fundo, o que ele faz? Procura ficar entre o companheiro com a bola e o seu (dele, Romário) marcador? Ou fica atrás do marcador, aberto, lá do outro lado?

Se você cravou coluna dois, parabéns. Acertou na mosca. (Ora, com todo o respeito, essa não é ação digna de um almirante batavo. Ou é?)

– Pode repetir? Na área ele é ou foi melhor que o Pelé?! Essa boçalidade pulverizarei outro dia.

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