Coxa, se apresse!

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Recebi indignados e-mails coxas contra o Estevam. E agora? Agora chegou a hora de jogar um bom balde d’água na fogueira que ajudei a criar. Vamos lá.

– Onde errou o Estêvão na quarta?

– Para substituir o suspenso Márcio Egídio ele mexeu na estrutura da defesa, que passou de 2—4 para 1—2—3*. Isto é, de dois beques e quatro médios para um beque na sobra, dois na marca e três médios.

– E daí?

– O reforço da zaga foi neutralizado pelo enfraquecimento do meio-de-campo: o setor tinha seis homens, ficou com cinco. Acrescente o mexe-mexe – como direi? – posicional: o Índio saiu da marca para a sobra; o Mancha veio da direita para o centro; os laterais ganharam mais liberdade; etc.

– Conseqüentemente, o Coritiba só poderia perder.

– Opa! Calma lá. Não é tão simples assim ou tão fácil assim. Uma coisa é apontar os escandalosos erros do treinador; outra é atribuir a derrota a ele ou a eles, aos erros.

– Não entendi. O Estevão errou e você limpa a barra dele?

– Exatamente. Porque seus erros (a mudança da estrutura da defesa) não foram responsáveis pelos golos da sigla do Campo**: no primeiro o Artur fez besteira ao armar peneira ao invés de barreira; no segundo o avante fez falta no beque; no terceiro o Artur repôs mal a bola em jogo e o Henrique piorou o soneto. Muito menos foram responsáveis pelos penais pateticamente perdidos, isolados, pelo Índio e pelo Jackson. O tudo isso tem a ver com as alterações nas sopas de números? Nada! ou pouquíssimo. Logo...

Guardadas as devidas proporções, transferir a responsabilidade dos erros individuais para o "esquema de jogo" é o mesmo que culpar a sociedade pelos crimes da bandidagem. Das duas uma: ou somos livres ou não somos; se somos livres somos responsáveis, não? O chato é que os autodenominados "progressistas" sequer se tocam na inconseqüente tabelinha liberdade/irresponsabilidade. Vade retro! Voltemos ao C(c)ampo.

Está bem condicionado fisicamente o grupo grande de jogadores do Coritiba? Então por que na metade do segundo tempo o jovem Anderson Gomes deu curto arranque, caiu na área com cãibra na panturrilha, e seu batimento cardíaco, minutos após a queda, ainda estava a mil como mostrou atenta câmera do canal seis? Menino, eu vi, ninguém me contou. Desperdiçada a fase inicial da temporada? Não, mas o Coritiba ainda não está preparado para a guerra da Segundona.

Nota

* Simplifico grosseiramente os fatos.

** Sigla do Campo?! Rapaz, não soa tão mal assim, hein? Repita em voz alta, sigladocampo, sigladocampo.