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Por que somos bons de bola ou por que produzimos tantos bons jogadores?

Esta pergunta foi feita pelo jornal " Valor Econômico" a um monte de gente, especialmente professores da Universidade de São Paulo (USP) e "personalidades" do assim chamado – argh! – eixo Rio-São-Paulo.

Rapaz, a resposta mais completa não ultrapassou apagada lembrança de uma das duas banalidades correntes: miscigenação e tamanho da população.

Os "acadêmicos" da "escola paulista de sociologia" (quá-quá-quá) lembram a velha, a resistente tese da miscigenação, do Gilberto Freire, maravilhosamente estudada pelo Mário Filho, irmão mais velho do Nelson Rodrigues, no clássico "O negro no futebol brasileiro".

"O negro..." é leitura obrigatória para quem ama futebol, futebol brasileiro, boa leitura: Mário escrevia admiravelmente, o que não é o caso de nenhum "acadêmico" da (quá-quá-quá) "escola paulista de sociologia". A começar pelo Florestan Fernandes: dois parágrafos do Florestan são mais letais que over de soporífero.

A outra turma, engrossada pelo Tostão, preferiu apontar o tamanho da nossa população... Devemos rir? A impressão que se tem é que imaginam o Brasil com 185 milhões de habitantes – e urbano! – desde o dia em que o Charles Müller desembarcou por aqui com duas bolas debaixo do braço (de tento? marca Drible? Goá? Dowal?).

Cara leitora, qual era a população brasileira em 1900, década após a Proclamação da República? Em torno de 15 milhões! E no ano da desgraça de 1950? Pouco mais de 40 milhões.

Preciso acrescentar que éramos maciçamente rurais*, proporção de 90/10? E que o futebol é urbano, citadino? (Com algum exagero polêmico é possivel sustentar que nessas épocas profuziamos muito mais craques que hoje... Proporcionalmente.)

– O que ninguém mencionou, lembrou?

– "Estudiosos" e curiosos esqueceram, ignoraram, apenas o elefante e a girafa, dois minúsculos, dois animais domésticos, caseiros: clima e paixão.

Nota

* Hoje a população urbana está bastante superestimada: nossos critérios de urbano são caboclos, obsoletos, largos, cômodos; datam da ditadura Vargas (37-45). E não são aceitos pelo mundo, mundo, vasto mundo.

Aqui, basta mil e quinhentos habitantes para a vila ganhar status de cidade, mesmo que seja ligada umbilicalmente ao campo, que não passe de mera extensão do campo, tributária do campo. Se adotássemos os padrões internacionais, a proporção urbano-rural cairia pra algo como 2/3-1/3, frouxo, frouxo.

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