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Mestre Rubem Braga, o velho Braga, certa vez deu assim o pontapé inicial numa inesquecível crônica: "Modéstia à parte, nasci em Cachoeiro do Itapemerim".

Não espalhe, leitor, não espalhe, às vezes, nos dias ímpares, dias de depressão, baixa estima, daria os infelizes dedos dos pés, tão feinhos, meu Deus, em troca desse imortal início de crônica do grande mestre da crônica, o insuperado Rubem Braga. Acho modéstia à parte nesse contexto coisa de gênio. Muito bem.

Em homenagem à frase e ao autor, sem o menor escrúpulo a copiarei: modéstia à parte, nasci em Irati, rio de mel em língua de índio. E em Irati, nas longínquas infância-adolescência-juventude, pratiquei muito esporte, esporte coletivo – futebol, basquete, vôlei. Acredite, foi uma escola de esportividade. Ou de "fair-play" para usar a bela, universalizada expressão inglesa.

– O que significa "fair-play"?

– Vou ao pai dos burros, lá encontro: jogo limpo; retidão; honestidade; jogar segundo as regras – escritas e não escritas, acrescento com a modéstia que me é peculiar. Lembre: poeticamente, "fair" é mulher bonita, formosa; "the fair" = belo sexo. Sacou? E esportividade talvez seja a mais aproximada tradução do intraduzível "fair-play". Certo?

Ontem, recebi na caixa postal essa história enviada pelo Zé Renato que a recebeu do Marcos Antônio Giombelli; dê uma olhada; se você ainda não sabe o que é "fair-play" ficará sabendo. Com a palavra o Marcos Antônio.

"O que é o fair play britânico! Um jogador do time de vermelho sofreu falta e estava no chão com dores. Como sempre, o outro time (de amarelo) colocou a bola para fora para que ele fosse atendido. Após o atendimento, um jogador do time de vermelho foi devolver a bola e sem querer fez um golaço. Todos ficaram sem graça, especialmente o autor. O que não invalidou o gol, é claro. Ao reiniciar o jogo, o time de vermelho não se movimentou, e permitiu o gol de empate ao time amarelo."

Cara pálida, isso é "fair-play". Lembra aquele "beau geste" do Petit na Copa da França? Quando jogou a bola para fora, interrompendo perigoso ataque francês? "Fair-play" do bom, escocês, 25 anos, puro, sem gelo. E o do Mohammad Ali, Cassius Clay na pia batismal? Ele se recusou a golpear adversário batido, nocauteado de pé.

Ah! Convém não esquecer. "Fair-play", esportividade, é reconhecer a superioridade do adversário, é vir à boca da cena e dizer: eles jogaram melhor, mereceram ganhar. Como fez o Márcio Araújo na derrota do Coritiba para o Paraná Clube. Aleluia! Boa, Márcio! É isso aí.

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