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Não sei se você já notou, mas sou cavalheiro de fino trato, ou de fono (sic) tato, que ama as palavras, seus sons, suas melodias, suas harmonias. Que descobri e aprendi a apreciar ao longo de longa caminhada, depois de ser para elas despertado pelo amigo, grande poeta Foed de Castro Chama*. É história antiga.

Descíamos o morro da Santa, em Irati, ele, José Maria Orreda, o locutor que vos fala. De repente, Zé Maria pronunciou a palavra feijão. Foed pegou de primeira, como ela veio, de sem pulo, assim:

– Que bonita palavra! Que belo som!

E começou a pronunciá-la em voz alta, alto e bom som, a dividi-la, seccioná-la, soletrá-la. Foi um deslumbramento. Ele descortinara o maravilhoso mundo sonoro das palavras. Que até ali, para mim, tinham apenas sentido. (Mais tarde, ainda creio ter sido apresentado ao desenho, às cores das palavras. No dia que aterrissar no poema das vogais, de Rimbaud, acho que poderei morrer.)

Escrevo tudo isso como introdução ao meu tema – os nomes de alguns clubes paranaenses. Ou melhor, de dois clubes paranaenses, um daqui, da capital, o outro do assim chamado setentrião, lá do Norti (sic), de Maringá, Maringá/ depois que tu partistes/ tudo aqui ficou tão triste/ que eu garrei imaginar//** Começarei pelo daqui. Vamos lá.

No início era o Malutrom. E o Malutrom não era natural, coquetel de Mallucelli + Trombini. E foi à garra. Que descanse em paz. A Adeg informa! Sai Malutrom, entra J. Mallucelli.

Não quero ser chato, mas a emenda é pior que o soneto. Se tivessem me consultado, cravaria "o time do Joel". Só para contrariar, escreveria "team", como o original inglês. Por falar nisso, "time" não é tradução de "team"; time é aportuguesamento; equipe, sim, é uma boa tradução de "team".

Olhaí, ouvinte de casa e do auditório, outra idéia: ao invés de J. Mallucelli, ao invés de "o time do Joel", a "equipe do Joel". Como o River Plate um dia foi conhecido como "el equipo de Didi". Que tal? Meu espaço bailou. Amanhã batucarei mal traçadas sobre o "Galo Maringá". Esse achado.

Notas

* Alguém capaz desses versos pode ser justamente chamado de grande poeta: "Ladras da luz,/ as sombras ignoram/ a liberdade.// São máscaras/ de um teatro/ que nos representam."

* Conhece a do Vinícius, que viajava de navio por medo de avião? Ele defendia o navio: bar farto, mesa farta, fartos&baratos. Mas há um problema: toda vez que o bicho deixa as águas territoriais do Brasil passageiros e tripulação se reúnem num canto, começam a cantar: "Maringá, Maringá, etc., etc."

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