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Dos 16 clubes que disputaram o paranaense deste ignominioso ano em que não veremos o Atletiba, nove estão fora de combate, já estão a hibernar, deram férias coletivas – as mais longas que se conhece: nove meses, uma gestação humana! Alô, alô, Realengo! Aquele abraço.

– Como podemos denominar essas associações quase tão fugazes quanto os maravilhosos, os amarelos ipês da praça Tiradentes?

– Tenho sugestões. Por exemplo, clubes bóias frias, ativos somente durante as safras, safrinhas de final de verão no nosso caso. Melhor ainda, clubes de estação como os frutos da terra, as frutas da terra, as frutas da estação.

– Você acha clubes cuco um forçar de barra? E vaga-lumes uma impropriedade? Afinal os vaga-lumes lembram pisca-pisca, apagacendemapagacendem e estes clubes acendem-e-apagam-e-hibernam-e-só-voltam-ao-ar-no-ano-que-vem-quando-voltam. Mas vago-lúmem não é despropositado, hein, apesar do mal soar, da dissonância.

– O que fazer com eles, como torná-los mais permanentes, perenes? Você tem uma fórmula, uma solução, uma saída honrosa para eles, que são tantos?

– Tenho não uma receita, mas várias ou pelo menos duas. Quer verouvirler? Então, afrouxe o cinto, recline a poltrona, apague a luz, acenda um daqueles cigarros que só dão câncer, relax and enjoy, relaxe&aproveite, cara pálida, porque amanhã a lua pode lhe procurar em vão. Será indolor como Benzectacil 2,4 milhões injetada superficialmente no braço.

Uma receita, a minha

– Para começar, transformaria a Taça Brasil em Taça Brasis, aberta como as asas da graúna, com dupla eliminatória ou repescagem. Certo?

– E levaria ao ar uma terceira divisão com quatro grupos de no mínimo 16 clubes que jogariam entre si em turno e returno, pontos corridos – os vencedores subiriam pra segunda.

– Por último mas não o menos importante, criaria a gloriosa quarta divisão (ou segmentaria ainda mais a terceira) para abrigar, para recolher, regionalmente, os remanescentes, os recalcitrantes, os retardatários, os reprovados, os retirantes, as vítimas das enchentes, das secas, da febre aftosa, da gripe aviária, do infortúnio, da herança (a vergonha maior que meu pai me deixou). Aleluia! Olê, olá, os nossos times estão botando pra quebrar.

Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima não seria uma solução/ Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração/ Eu não devia te dizer, mas essa lua, mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo.

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