• Carregando...

Só o hóquei sobre o gelo é mais violento que o futebol jogado neste imenso pedaço dos tristes trópicos. O assim chamado "futebol" americano é folguedo perto do velho, do rude, esporte bretão como jogado no Brasil. Horror! Horror! Horror!*

Não custa repetir. Até com as bisnetas do barão de Coubertin em campo o futebol é violento, naturalmente violento. Ou não é jogado com os pés? Ou não estimula os choques, os atritos? E se a gente acrescentar o dolo (violência deliberada), a última, a mais inocente pelada se transforma em vale-tudo, em sangrento vale-tudo.

Batuquei esses dois parágrafos como introdução ao peixe que na segunda-feira prometi vender hoje. O seguinte: mesmo com todos os craques lá fora, podemos levar ao ar o melhor campeonato nacional do mundo, não apenas o mais equilibrado, mais emocionante, menos previsível. Com uma condição! A rapaziada tem de ser estritamente profissional, se comportar como profissional, com plena consciência do que isso significa, obriga. Com licença.

Profissionalismo, rapazes

Ninguém precisa ter a inteligência do irmão do Sherlock Holmes, Mycrof, para concluir: antes de tudo não se machucar, não se contundir, não distender músculos, não romper tendões, não fraturar nada, nada fissurar, não baixar enfermaria, não ficar fora de combate, não ir ao médico, não requisitar exames&receitas, estar pronto, firme, forte, pro que der-e-vier, para todos os climas, desafios. Olê-olá/O nosso time tá botando pra quebrar.

Como se consegue isso? Com sorte&juízo. Mas acima de tudo sem provocar as trevas, sem invocar a selvageria, sem usar a boçalidade. Por outras palavras, nada de violência deliberada.

O objeto do jogo é a bola, não os pés, pernas, corpos dos adversários. A bola deve ser visada, procurada, alcançada, não os membros dos adversários. A disputa não pode ser sem quartel, regras, não é briga de foice no escuro, luta de vida ou morte. O gramado não é o Coliseu, ringue, tablado, octagon, saloon.

Os profissionais têm de se respeitar, respeitar a integridade física do outro, do adversário – que não é inimigo, que não se confunde com inimigo, que não pode ser tomado como inimigo sob pena de transformar a brincadeira num feio e cruento combate.

Nota

* Para ficar no ponto, você tem de pronunciar horror à inglesa, agá aspirado a deslizar para o erre, a laringe quase bloqueada, sacou? Reveja a cena do "Apocalipse Now", do Coppola, com o Brando no papel do enlouquecido Kurtz. E preste atenção quando repete: "Horror! Horror! Horror!" É de arrrepiarrr.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]