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Para compreender o impacto da contratação de Bellini pelo Atlético é preciso contextualizar o fenômeno no tempo.

O futebol paranaense era semiamador, com os jogadores recebendo baixos salários dos clubes e se empenhando para conseguir um emprego fora para garantir o futuro, até que se deu a virada em 1968. Além de virar a mesa da Federação e manter o Atlético na Primeira Divisão do Estadual, o presidente Jofre Cabral e Silva mudou o conceito de profissionalismo no futebol local.

Visionário e empreendedor, Jofre foi o presidente do Clube Curitibano – na Barão do Rio Branco com Rua XV – que construiu a moderna sede que orgulha todos os associados no Água Verde. Ele também criou o Santa Mônica Clube de Campo, o maior da América Latina na época e que iria fundir-se ao Atlético se o coração não surpreendesse o irrequieto dirigente na arquibancada do estádio Vitorino Gonçalves Dias durante um jogo do Furacão com o Londrina. Foi o maior cortejo fúnebre de Curitiba até hoje, com a torcida levando o corpo de Jofre da Baixada até o Cemitério Municipal.

Bellini personificou a revolução no campo, pois se tratava do capitão da seleção brasileira campeã mundial pela primeira vez e que com o gesto de levantar a taça sobre a cabeça virou estátua na entrada do Maracanã. Os torcedores até hoje marcam encontro em dias de jogos na "estátua do Bellini".

Com o famoso zagueiro vieram outros campeões mundiais como Djalma Santos e Zequinha, e craques consagrados como Nair, Dorval, Gildo, Nilson, Milton Dias, Zé Roberto, Sicupira e outros que enlouqueceram a torcida atleticana.

Uma multidão esperava a chegada de Bellini na Baixada e ao desembarcar da Mercedes Benz do dirigente Atílio Cômodo, acompanhado pelo presidente Jofre Cabral e Silva e pelo conselheiro Raul Requião, foi saudado entusiasticamente, recebendo caloroso abraço do fanático símbolo da torcida, o professor Carrilho.

Atleta com exemplar comportamento profissional, ele vestiu a camisa rubro-negra em duas temporadas com extrema dedicação, despedindo-se em jogo amistoso com o Santos, que contou com a presença de um ilustre fã, Orlando Silva – o cantor das multidões. Foi no dia 20 de julho de 1969, data em que a Rádio Clube Paranaense viveu o seu maior momento com três transmissões internacionais e a despedida de Bellini.

Começou às 10 horas da manhã com Ney Costa e Vinicius Coelho transmitindo de Paris Red Star e Coritiba; à tarde, fiz a narração de Atlético e Santos, com Marcus Aurélio de Castro nos comentários e Dias Lopes nas reportagens; no começo da noite, Paraguai e Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo, em Assunção, com Fuad Kalil, Borba Filho e Jota Pedro; até a transmissão da chegada do homem na Lua, com Aírton Cordeiro, diretamente de Cabo Canaveral. Nunca houve um dia como aquele na radiofonia paranaense.

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