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Há dez anos foi inaugurada a Arena da Baixada, no mesmo local em que o Internacional jogou a partir de 1917 e o Atlético desde 1924.

Dez anos antes, porém, em 1989, o antigo Estádio Joaquim Américo quase foi vendido para a construção de um shopping center e quatro torres de edifícios de apartamentos.

Como desde 1986 o time estava jogando no Pinheirão e o clube enfrentava grandes dificuldades financeiras, um grupo de conselheiros apresentou uma proposta.

O Atlético cederia o terreno do estádio para a construção de um shopping e quatro torres de edifícios de apartamentos, recebendo em troca 25% do que fosse arrecadado nas vendas do centro comercial.

Jogaria durante cem anos no Pinheirão, além de espaço para construir na área da Federação campos para treinamentos e local de concentração dos jogadores.

O assunto foi debatido no Conselho Deliberativo e, por sugestão do médico e conselheiro João Carlos Farracha, constituiu-se uma comissão de seis membros para analisar a proposta. O presidente do clube, Valmor Zimermann, convidou os conselheiros Ary Queirós, então vice-governador do Estado; o médico Júlio Gomel; Nélson Fanaya, diretor do Bamerindus; Anfrísio Siqueira, presidente da Boca Maldita; Segismundo Morgestern, diretor da indústria de Malas Ika e o locutor que vos fala, mesmo sem ser conselheiro, mas como representante da torcida atleticana. Aceitei o convite por entender a gravidade da decisão a ser tomada para o futuro do clube.

A reunião aconteceu em salão do Hotel Mabu, na Praça Santos Andrade, com a presença do presidente Onaireves Moura e toda a diretoria da Federação, diversos conselheiros do Atlético favoráveis ao acordo que foram assistir à apresentação do projeto e das maquetes através dos representantes da firma de engenharia Sisal, que na época tocava as obras do Pinheirão.

Feita a explanação, fomos para uma reunião fechada entre os seis membros da comissão nomeada pelo clube. Levamos apenas 15 minutos para rejeitar a proposta, recomendando que a Baixada se tratava de um estoque patrimonial do Atlético e um bem inalienável da família atleticana. Fui escolhido como porta-voz do grupo e apresentei as justificativas, provocando irritação nos interessados que se retiraram imediatamente. Como havia uma recepção preparada para 30 pessoas, ficaram para o jantar apenas os membros da comissão – menos o vice-governador Ary Queirós, que tinha outro compromisso – e o presidente Valmor Zimermann.

Este pequeno episódio, quase totalmente escondido na sombra da história atleticana, teve muitas consequências na vida do clube. Ele ensinou que uma simples deliberação, uma decisão mais apressada, poderia ter mudado completamente o destino do Atlético.

Mais adiante foi construída a Arena da Baixada, o altar da religião atleticana.

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