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A Copa do Mundo começa a tomar conta dos corações de todos os torcedores. Como se trata do maior acontecimento futebolístico do planeta, verdadeira convenção durante a qual são apresentadas as novidades, as teses, as antíteses e, sobretudo, as surpresas táticas destacam-se, também, os lances curiosos ou os acidentes fatais.

Por exemplo, já houve Copas onde a melhor equipe, aquela que conseguiu arrebatar os puristas e encher os olhos do publico de satisfação, não foi campeã. O Brasil, em 50; a Hungria, em 54; a Holanda, em 74 e o Brasil, em 82. Para os franceses, entretanto, as injustiças históricas foram as eliminações da sua ótima seleção nos mundiais de 82 e 86 e assim por diante.

Cada país carrega a sua verdade, guarda as alegrias e tenta esquecer as frustrações. Entre nós, todos se rejubilam pela esperteza do veterano Nílton Santos ao cometer pênalti no dificílimo jogo contra a Espanha, levantar os braços e dar um passo para trás confundindo o árbitro que acabou assinalando apenas falta.

Uma das passagens curiosas aconteceu com o meio-campista Alemão, que jogava no Botafogo e defendeu a seleção na Copa de 90. Até hoje ele é cobrado pelo fato de não ter cometido falta em Maradona naquele lance famoso que originou o gol de Caniggia e acabou por tirar o Brasil da Copa da Itália.

A curiosidade é que pesa não só sobre ele, mas também sobre outros jogadores brasileiros, a acusação, digamos assim, de não ter dado logo um pontapé que derrubasse Maradona, em seu único lance realmente genial naquela Copa.

Vejam como os tempos mudaram: hoje em dia é corriqueiro esse tipo de expediente para interromper um ataque perigoso. A falta intencional virou rotina, se incorporando de tal forma à essência do jogo que as pessoas estranham e até condenam o fato de Alemão não tê-lo usado contra Maradona.

Ora, a falta não é uma coisa permitida no futebol, tanto que deve ser punida como infração. Ela é conseqüência, às vezes até natural, de um jogo que comporta o entrechoque, mas não pode ser nunca um objetivo deliberado. É exatamente essa intencionalidade que as regras do futebol proíbem e que os árbitros devem coibir.

Se os técnicos mandam parar com falta a jogada adversária, se os jogadores seguem à risca as instruções e se os árbitros permitem essa transgressão constante das regras, resulta no que mais temos visto: o futebol transformado num espetáculo feio, truncado, descontínuo, em que o tempo de bola corrida é cada vez menor.

Ainda por cima, 16 anos depois, ainda responsabilizam o Alemão, sozinho, pela derrota na partida em que Müller e Careca perderam um caminhão de gols contra a Argentina.

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