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Poucas coisas chegam fundo no imaginário popular como o futebol.

Para muitas pessoas o futebol é encarado como uma religião. Ou, pelo menos como uma seita. Uma seita repleta de simbolismos, de referências, co­­­res, estandartes, tradições, ídolos, heróis, anti-heróis, tragédias e comemorações.O amor pelo clube, a dedicação pelo time e o culto as suas coisas e aos seus representantes também compõem o mosaico da doutrina futebolística.

Com a carga de tensão acumulada nos dias que antecedem ao jogo, o torcedor se transforma em autêntico soldado da causa. Ao vestir as indumentárias com as cores e os símbolos da equipe ele assume a condição de coadjuvante. Um simples boné, a bandeira, a camiseta ou a camisa oficial indicam a sua preferência clubística. Quando os torcedores se agrupam e tomam contam das ruas aumenta a confiança e, consequentemente, o destemor para interpretar a defesa da causa.

Daí sobrevir os riscos de encontros com facções do time adversário. O confronto se torna inevitável e as consequências, lamentavelmente, todos conhecemos.

Ultimamente, as coisas ga­­­nha­­­ram uma dimensão dramática na medida em que as torcidas se organizaram com profissionais misturados aos aficionados comuns. Não raras vezes, alguns delinquentes se infiltram nos grupos, aproveitando-se do clima de comemoração e alegria gerado pela confiança do triunfo, para tirar partido da situação conforme as suas deformações.

É uma pena, pois futebol ainda se constitui em alguma coisa pura na alma do torcedor.

Quanto menos souber do que se passa nos bastidores melhor para alimentar o sonho. To­­­mando conhecimento dos subterrâneos, ele perde a ilusão, diminui o ímpeto e passa a encarar o futebol apenas como mais uma atividade comercial de lazer, com todas as suas virtudes e defeitos.

Felizmente a maioria dos torcedores ama o clube, sofre e vibra com o time, mas é basicamente racional. Ou, por outra: não se inflama antes da hora e esgota a doação física e emocional ao apito final do árbitro. Eles encaram o futebol simplesmente como um jogo.

No caso de um clássico com a tradição e a rivalidade do Atle­­­tiba, além de um jogo.

Muitos valores estão embarcados no Atletiba.

Agora menos do que no passado. Quando o futebol ainda não havia sido banalizado pelo excesso de oferta na televisão, os grandes clássicos eram tratados com carinho.

Tínhamos dois, no máximo três Atletibas por ano, e cada um escrevia a sua história que passava dias, semanas, meses, sendo sorvida pelos torcedores. Cada lance, cada gol, cada momento era analisado pelo viéis de cada torcedor. Mesmo aquele que não havia assistido ao jogo discutia o clássico. Eram as testemunhas auriculares e, em seguida, televisivas.

Mas nem o excesso e muito menos a mercantilização do futebol diminuíram a paixão do torcedor paranaense pelo Atle­­tiba.

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