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Milhares de pessoas iam ao Maracanã nos jogos do Botafogo para ver os dribles de Garrincha, os gols de Paulo Valentim e as cobranças de falta de Didi – este ganhou o apelido de "Folha Seca" por causa do efeito que dava aos chutes, fazendo a bola subir e perto da meta baixar como uma folha seca caindo da árvore, para desespero do goleiro. Bicampeão mundial pela seleção brasileira tornou-se símbolo de liderança e excepcional habilidade para bater falta. Na mesma época havia Jair Rosa Pinto que usava sua poderosa perna esquerda como um dos precursores do chute com curva. Ninguém esquece de Pepe, do Santos, chamado de "Canhão da Vila" pelo chute fortíssimo com a canhota infalível. Segundo artilheiro da história do clube, apenas atrás de Pelé, o craque completo.

Conhecer o goleiro adversário é o primeiro passo para descobrir suas fraquezas e superá-lo, ensinava Rivellino, do Corinthians e Fluminense, chamado de "Patada Atômica".

Os grandes batedores recomendam treinar insistentemente, como fazia Zico, do Flamengo, que colocava toalhas nos ângulos da meta e passava horas exercitando o fundamento. Considerado o melhor jogador brasileiro depois de Pelé, apesar de ter disputado três copas sem ser campeão, sabia que a prática leva à perfeição e é preciso aproveitar todo o tempo livre para se aperfeiçoar.

Embora a cobrança de falta envolva técnica e treino, o lance permite inovação e Nelinho, do Cruzeiro, sabia surpreender o rival com um efeito inigualável, tanto quanto o palmeirense Roberto Carlos ou o corintiano Neto, pois para eles não tinha distância ou lado que impedisse de marcar. Vários cobradores tentam prever o avanço irregular da barreira para tirar proveito da situação e nesse quesito o vascaíno Roberto Dinamite aproximou-se da perfeição nos tiros livres diretos.

Muitos desenvolveram seu próprio estilo observando os mestres, como Marcelinho, que aprendeu com Zico. Outros foram melhorando com o tempo como Dicá, da Ponte Preta; Aílton Lira, do Santos; ou Zenon, do Guarani e Corinthians.

Os veteranos que se especializaram na arte ainda em atividade deixarão saudades: Alex, do Coritiba; Rogério Ceni, do São Paulo; Juninho Pernambucano, do Vasco; Paulo Baier, do Atlético; ou Marcos Assunção, atualmente no Santos.

Mas a arte esta escassa, um pouco pela preguiça dos jovens jogadores de treinar a exaustão as cobranças de falta e muito pelo desleixo dos treinadores da base. Como faltam jogadores novos se dedicando a essa especialidade, seria o caso de os técnicos mais conceituados exigirem o retorno do exercício nas categorias iniciais para reviver o talento nato do futebol brasileiro que foi celeiro de exímios cobradores.

Alex, o mais badalado batedor deste campeonato, diz que uma boa execução do lance começa pela maneira como o pé bate na bola. É jeito, não força.

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