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Nesta semana começará mais um Campeonato Paranaense, tradicional competição repleta de personagens e histórias.

Entre tantas abordagens, vamos tomar o caminho do campeonato no tempo do rádio.

As câmeras de televisão não esquadrinhavam os campos, não exibiam as jogadas com precisão científica, não repetiam exaustivamente os lances polêmicos, não traziam a magia para a dura realidade das telinhas. Era um tempo em que profissionais de talento, radialistas e jornalistas, contavam, a seu modo, as histórias do futebol.

Como os torcedores que passavam anos discutindo os jogos memoráveis, os homens da imprensa algumas vezes também reiventavam os jogos.

Quando as partidas eram realizadas no interior e o time da capital jogava mais ou menos bem, era o que bastava para que nos tornássemos verdadeiros vendedores de ilusões. Os narradores ficavam obrigados a fabricar um jogo de futebol melhor do que o real para segurar o ouvinte. Com a chegada da televisão tudo mudou, e a fidelidade tem de ser absoluta.

Nos tempos românticos do rádio esportivo havia intensa disputa pela audiência e os melhores locutores eram muito requisitados pelas grandes emissoras. Havia narradores que ganhavam luvas e altos salários para mudar de prefixo antes dos campeonatos. E como os nossos clubes só disputavam o Campeonato Paranaense – a Copa Brasil surgiu somente no final da década de 50 e o Robertão, projeto do atual Campeonato Brasileiro, em 1967 – ele era o filé mignon dos clubes e da imprensa falada e escrita, como se dizia na época.

Acontece que as comunicações ainda engatinhavam em nosso país e até o surgimento da Embratel, no final da década de 60, um telefonema interurbano levava de quatro a cinco horas para ser completado. Imaginem o drama que era transmitir uma partida de qualquer ponto do país. Os locutores ficavam roucos chamando "Alô Radional, alô Radional !" para as linhas serem liberadas apenas quando as equipes já estavam em campo. E não raras vezes transmitia-se o jogo no escuro, pois falhava o retorno do som.

Quando havia uma partida importante no interior do astado, a Telepar promovia tensa reunião em seu escritório, na rua Jesuíno Marcondes, com os representantes das cinco ou seis emissoras interessadas. Só que havia apenas uma ou duas linhas de transmissão, dependendo da cidade.

Era feito um sorteio e quem perdia tinha de se virar mandando os locutores ao local do jogo para tentar alugar um telefone próximo ao estádio, em algum posto de gasolina, bar ou mesmo residencial.

Sobrava emoção, dentro e fora do campo no Campeonato Paranaense. E os ouvintes acompanhavam tudo como se estivessem à beira do gramado...

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