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A queda da qualidade do futebol mudou o torcedor brasileiro: em vez apreciar os jogos ele só gosta de ver o seu time ganhar. Como a seleção anda uma droga, pela escassez de bons jogadores, a torcida está virando as costas para ela e só tem olhos para o time de coração. Daí a lotação das novas arenas, mesmo com equipes tecnicamente irregulares e poucos ídolos em campo.

O problema do futebol brasileiro foi se transformar em um negócio bilionário. Isso criou grande problema para todos os envolvidos.

Da chamada mídia alternativa o mundo do entretenimento passou a ser um dos maiores negócios do mundo. O esporte recebe grandes investimentos da televisão com retorno quase sempre assegurado. O futebol é o carro-chefe do novo modelo, atraindo as atenções de bilhões de pessoas através dos meios de comunicação. Entre todas as modalidades esportivas, o futebol é o número um na maioria dos países.

Como nasceu dentro da estrutura clubística, o futebol em nosso país padece de ser administrado por um tipo de organização amadora, mais adequada a uma instituição de caridade, ou ONG, do que a um empreendimento comercial de grande porte.

Os dirigentes exerceram os seus cargos através dos anos por vaidade ou paixão, adotando uma atitude patrimonialista em relação aos clubes. Em outras eras mais ingênuas e favoráveis, os dirigentes usavam o próprio dinheiro para bancar as equipes, contratar um craque ou fazer uma benfeitoria no estádio. Hoje, uma simples comissão – por dentro ou por fora – na compra ou venda de um jogador significa independência financeira para si e para os dependentes.

Os jogadores que vestiam a camisa por amor, recebiam muito pouco e se identificavam historicamente com os clubes, tornaram-se jovens milionários. Moços de origem humilde, com pouco estudo, são facilmente manipulados por empresários, procuradores ou alguém da própria família.

Os montantes incalculáveis que chegam a valer no mercado mundial, originam-se, primariamente, dos patrocinadores e dos clubes. O que recebem da seleção nacional – como remuneração ou prêmio – não chega a ter a dimensão de uma gorjeta. Como se empenhar num amistoso com Costa Rica ou Honduras se na outra semana tem compromisso pela Liga dos Campeões da Europa?

O jogador moderno fica, mental e emocionalmente, dividido para conciliar os interesses do clube que lhe paga milhões com a seleção que dá alegria ao povo. Todos pensam duas vezes antes de entrar numa bola dividida e arriscar o futuro da carreira.

Tudo isso deixa o torcedor frustrado com a seleção, o seu maior orgulho no passado. Diminuiu o interesse pela maior alegria de triunfo internacional que existia nesse vale sombrio de lágrimas em que se está tornando o Brasil.

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