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O brasileiro, de quatro em quatro anos, respira futebol. Além dos apaixonados torcedores que têm no futebol algo tão importante quanto o oxigênio de cada dia, toda a população volta os olhares para a Copa do Mundo.

O fato tem significado pelo apelo à unidade nacional que traz consigo, como radiografia do que somos e de como estamos: a conduta em campo dos 11 jogadores ungidos pelo técnico, traduz o comportamento coletivo, renovável a cada quadriênio, conforme o humor do país naquele momento.

A constrangedora despedida do presidente Lula com Dunga de cara fechada e com a mão esquerda no bolso, revelou a quantidade de mágoa embarcada na seleção.

A cena foi emblemática e indica o quanto essa equipe viajou mordida pelas contínuas criticas e reclamações após a última convocação.

Mas, com alto astral pelas imagens dos descontraídos jogadores nos exercícios realizados no CT do Caju ou espírito de revanche refletido no semblante fechado de Dunga, as cartas estão na mesa.

O grupo foi escolhido, está treinando na África do Sul e o time titular escalado para a estreia. Pode haver surpresas, afinal nem sempre o time fica intacto do começo ao fim do torneio.

Houve casos em que as mudanças foram radicais, como na Copa dos Estados Unidos, por exemplo, quando a dupla de zagueiros lesionou-se nas vésperas da estreia – Ricardo Rocha e Ricardo Gomes – e os reservas Aldair e Márcio Santos foram um sucesso na campanha do tetra.

Naquela mesma competição, Raí, um dos astros principais, pipocou logo na largada e foi substituído com sucesso por Mazinho, e Branco ocupou a vaga de Leonardo com a sua expulsão nas oitavas de final.

Pepe saiu daqui como ponteiro esquerdo titular nas duas primeiras copas vencidas pelo Brasil e, por incrível coincidência, machucou-se nos dois últimos amistosos e acabou substituído pelo cabalista Zagallo.

A Providência Divina deu uma mãozinha para Felipão ajeitar o meio de campo com a grave contusão do volante Emerson em prosaico dois-toques. A partir dali, foi mudado o figurino do time, culminando com a entrada do lépido Kléberson na vitoriosa composição da meia-cancha depois de tentativas com Juninho Paulista e Ricardinho.

Com tantas evidências, muita coisa pode acontecer em uma Copa do Mundo, torneio curto e surpreendente pela fórmula de jogos mata-mata.

Nem sempre a melhor equipe se impõe, pois futuros campeões, como a França em 1998 e a Itália em 2006, foram salvas por acidentes ocorridos no fim das prorrogações de partidas complicadíssimas com adversários singelos como Paraguai e Austrália, respectivamente. Bastava um pequeno desvio nos desígnios dos deuses do futebol e a história daquelas copas seria outra.

O importante é que, com cara de mau ou não, Dunga esculpiu uma seleção forte e competitiva que jogará rigorosamente com o regulamento debaixo do braço.

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