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O quadro A Última Ceia revela a solidão de Jesus diante das reações emocionais dos seus apóstolos – reações que vão desde a tristeza de João ao aspecto cúpido do sombrio Judas.

A essa pintura, acrescente-se outra que revela uma Mona Lisa que parece modificar sua expressão no momento que alguém a observa.

O autor dessas obras-primas, que tive o privilégio de admirar em Milão e Paris, não foi apenas um pintor. Foi também arquiteto, engenheiro, físico, matemático, além de ter desenvolvido estudos referentes à anatomia, astronomia, aviação, escultura, geologia, hidráulica, música, ótica, paleontologia e ao urbanismo, dentre outras áreas do conhecimento hu­­mano.

Além disso, projetou inúmeras máquinas e equipamentos agrícolas e industriais, que vão desde o prosaico carrinho de mão até o que hoje viria a ser o helicóptero.

Leonardo da Vinci em tudo revelava extraordinário poder criador. Contundo, segundo se sabe, era um homem simples e resignado que estabeleceu peculiar código de vida: estava sempre disposto a aprender com que pudesse lhe ensinar algo mais sobre a vida e sobre o mundo. Pa­­ciente, respondia incompreensões dos seus contemporâneos com o silêncio – o silêncio dos superiores.

Pois, em contraste com a postura daquele gênio, simplicidade, resignação e paciência não tem sido característica do comportamento de alguns setores da sociedade brasileira.

Se o nosso país está em ritmo acelerado de desenvolvimento, com a economia aquecida graças à capacidade da iniciativa privada, pecamos no plano humanístico.

É impressionante o cenário medíocre apresentado nos últimos tempos por autoridades, governantes, políticos, enfim, aqueles que deveriam formar a elite cultural do país.

São palavras de baixo calão proferidas pelo presidente, conflitos nas altas cortes de justiça, corrupção desenfreada e sem punição nos altos escalões do poder publico, projetando quadro constrangedor como exemplo para a população, que assiste a tudo completamente atônita com a baixa qualidade extraída do noticiário diário.

E o futebol, a grande válvula de escape do cidadão comum, também não tem nos oferecido panorama dos mais saudáveis. Se não é uma arbitragem desastrosa que atrapalha os planos da equipe prejudicada, é a denuncia de doping ou a violência pela violência nos estádios e nas ruas das principais cidades.

Os jogadores, que sequer conseguem conquistar o coração dos torcedores pelo pouco tempo que defendem o mesmo time, tornaram-se reféns de dirigentes e empresários, seguem mais preocupados com as vantagens financeiras do que com o rendimento técnico.

O intrigante em tudo isso é que os protagonistas desse espetáculo deprimente imaginam-se gênios, pois não aceitam críticas, censuras e nem mesmo se curvam diante dos fatos que abalam as estruturas éticas e morais da sociedade brasileira.

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