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Observando o futebol do Atlético, fico com a sensação de assistir à dança do peru embriagado antes da ceia de Natal.

Apenas dois títulos estaduais, boas campanhas no Brasileiro de 2004, na Libertadores de 2005 e permanente luta contra o rebaixamento assinalaram a trajetória da equipe nos últimos nove anos.

Dezenas de técnicos e centenas de jogadores passaram pelo clube no período e até agora, quase na metade do campeonato, o time continua indefinido e o técnico indeciso. Sinal claro de que continuam dando voltas no mesmo lugar e não conseguem encontrar o caminho para tornar a equipe competitiva, emocionalmente estável e tecnicamente estabilizada.

O Furacão experimenta permanente estado de tensão, deixa a torcida angustiada na expectativa de que vai acertar no próximo jogo e, pelas circunstâncias, nunca chega o aguardado ajuste.

Recentemente, quando Ney Franco acertou o time que reviveu as glórias de invencibilidade só com vitórias do Furacão de 1949, viu-se privado de Claiton e Ferreira na fase decisiva e entregou o título de bandeja ao Coritiba; Antônio Lopes ficou aguardando os reforços de qualidade prometidos no início do ano e, com jogadores tecnicamente sofríveis, como Vane­­gas, Serna, Javier Toledo, Tartá e outros, não resistiu. Foi intempestivamente dispensado.

Agora, Carpegiani tenta dar uma solução ao quebra-cabeça atleticano e, pelo jeito, não vai conseguir. O seu tempo começou a se esgotar na medida em que trans­­­formou o CT do Caju em la­­boratório de experiências, culminando com o desprezo pelo ala direita de ofício Wagner Diniz na escalação que perdeu para o Pal­­meiras, em benefício de Gus­­tavo, que teve péssima atuação e no dia seguinte foi emprestado ao Sport. Como é que conseguirá adquirir padrão de jogo um time com esse tipo de política?

Em vez de promover contratações pontuais, para as posições carentes – ala esquerda, volante, armador e goleador, quatro reforços, portanto – a diretoria reuniu uma dúzia de novos valores, incluindo três estrangeiros que, como todos sabem, demoram a se adaptar e dificilmente dão certo no futebol brasileiro. Não será diferente com González, Nieto e Guerrón, sendo que o primeiro ainda nem estreou e os outros dois até agora apresentaram modestas credenciais técnicas.

Antes de qualquer coisa, a diretoria deveria superar a sua própria crise.

Ser mais humilde promovendo profunda reflexão, discutindo as dúvidas com pessoas que conhecem o clube e as suas carências antes de escolher profissionais de maior gabarito para as funções administrativas no departamento de futebol, na opção pelo treinador e, sobretudo, estabelecer um critério mais apurado no momento da contratação de jogadores. Do contrário, continuará com a síndrome do peru natalino, dando voltas no mesmo lugar e cometendo antigos equívocos nessa crise recorrente.

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