• Carregando...

Na véspera de Natal, enquanto esperamos pela Noite Feliz, parece momento apropriado para algumas reflexões. Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas no caso do Brasil, Ele exagerou.

Deus precisa urgentemente de um curso de caligrafia. As sinuosas linhas da história brasileira, repletas de trechos arriscados, estão levando o povo à exaustão. E não somente nos aeroportos.

Pode ser que a seqüência de eventos dramáticos na trajetória do país esteja até contribuindo para o fortalecimento de seu caráter e que um destino glorioso lhe está reservado. Porém, a dose de sobressaltos e frustrações tem sido excessiva.

Além das crises agudas, tipo suicídio de Vargas, renúncia de Jânio, derrubada de Jango, período autoritário, morte de Tancredo, desastroso governo Collor, planos econômicos malsucedidos, violência, diversos escândalos, crises financeiras, recessão, inflação, etc., perduram problemas crônicos entre os quais se destacam a miséria, a corrupção generalizada e a incapacidade política de colocar o país no caminho certo.

A sociedade brasileira mostrou-se completamente incapaz de amenizar a miséria mesmo nos períodos de crescimento econômico.

É inconcebível que um país com tal disponibilidade de recursos naturais, privilegiadas dimensão e localização geográficas, respeitável capacidade de produção já implantada, talentosa classe empresarial e imensa riqueza cultural veja seu destino de nação feliz ameaçado de desintegração.

Para não alongar muito a conversa e para não fugir do tema deste espaço, fiquemos apenas com as mazelas do esporte.

Mesmo com a fonte inesgotável de valores, o esporte brasileiro capenga em diversos setores, enquanto brilha naqueles que conseguiram se organizar. Comparem, por exemplo, o sucesso do vôlei com a mediocridade do basquete, cuja federação purga por meros problemas de ordem política. Ou o futebol, que exporta os melhores jogadores do mundo para o mercado internacional e, mesmo com todo dinheiro arrecadado, não revela capacidade de recuperação dos clubes nacionais.

Os preparativos para os Jogos Pan-Americanos de 2007 denunciam a inabilidade dos administradores públicos e esportivos em aproveitar o potencial existente.

E não deve passar despercebida a responsabilidade assumida pelo desejo de sediar a Copa do Mundo de 2014.

Volto a insistir que um evento com a magnitude do mundial de futebol pode representar o gancho ideal para a retomada do desenvolvimento nacional, pois envolve, além de novos estádios, o resgate das ferrovias e a recuperação dos aeroportos, portos e, sobretudo, o combate à impressionante violência urbana que assola o país.

Ainda que aos trancos e barrancos, através de governantes e agentes nem sempre adequados, geralmente incompetentes, a reforma é viável e ajudaria a desatar o nó em que nos metemos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]