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Quando é escolhido um time de futebol para torcer, não se cogita fazer um estudo de viabilidade da equipe.

A criança ou o jovem, ao eleger o time do coração, não pesquisa as condições estruturais do clube, a viabilidade econômica, o patrimônio ou o potencial técnico.

A pessoa sonda pura e unicamente o coração. A escolha pode ser pela influência de alguém, pelo primeiro jogo a que assiste ou pelas cores da camisa. Mas é uma decisão personalíssima e para sempre. Uma escolha íntima, uma questão de afinidade e simpatia.

Com o tempo, o torcedor vai percebendo como funcionam as coisas no futebol e, não raras vezes, se decepciona com determinadas atitudes dos dirigentes, dos treinadores ou mesmo de alguns jogadores.

Mas a alegria da vitória num clássico ou a euforia da conquista de um título superam tudo. Não tem preço a satisfação de poder comemorar com os amigos o triunfo do seu time de coração. É uma alegria infantil, pura, absolutamente apaixonante.

Da mesma forma que as derrotas são duras e custam a cicatrizar na alma.

O que pretendo transmitir é que algumas decisões que norteiam a nossa vida, como o casamento ou a escolha da profissão, raramente são determinadas por motivações circunstanciais ou oportunistas.

Mas, muita gente, nos momentos cruciais de suas vidas, deixa-se levar mais pela conveniência do que pela consciência. Arrependem-se amargamente depois. Tornam-se maridos infelizes, torcedores apáticos, profissionais frustrados e materialistas céticos.

Ninguém obtém prestígio e respeito dos outros se não respeita e prestigia sequer a si próprio.

Todo esse raciocínio foi desenvolvido para desembocar nas divisões internas que tanto atrapalham a vida de governos, empresas, indústrias, escritórios, famílias e, é óbvio, clubes de futebol.

Tivemos cisões históricas que atrapalharam o desenvolvimento de nossos clubes.

O Coritiba encontrou o apogeu na década de 1970, com a conquista de 10 títulos de campeão em 12 anos, e quase concluiu o Estádio Belfort Duarte que, por questões políticas, virou Estádio Couto Pereira.

Na mudança do nome perpetuou-se a mais grave distensão dentro do Coxa, tanto que rixas e rivalidades intestinas impediram a aquisição do Parque Aquático e da Estância Papa João XXIII – que pertenciam a dois conselheiros do Coritiba e que acabaram sendo comprados pelo Atlético –, resultando em diversas eleições acaloradas até os dias de hoje.

No surgimento do Colorado, anunciado como o primeiro clube-empresa do país, uma briga política – a escolha do primeiro pre­sidente do Conselho Deli­berativo – produziu a ainda inacabada ação da Rede Ferroviária Federal pelo domínio e a posse do Estádio Durival Britto e Silva. A indefinição paralisou todos os projetos do Colorado.

Agora, tristemente, chegou a vez de o Atlético experimentar a sua mais grave crise política.

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