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Curioso país o nosso. Não bastasse o destampatório dos políticos no rádio, na televisão e, sobretudo, nos debates, assistimos à prática de uma estranha nova ética no relacionamento entre técnicos e clubes de futebol.

Poderíamos chamar de ética de resultados, pois – como na política – para alcançar os fins parece não importar os meios.

Do mesmo jeito que Carpe­­giani abandonou o Atlético no meio do caminho e aceitou milionária proposta do São Paulo que, por sua vez, não teve nenhum cuidado ético no episódio, o Corinthians desembarcou Adílson Batista após uma se­­quência de maus resultados.

Com o agravante da participação direta da torcida "Gaviões da Fiel" no processo de desestabilização do treinador, demonstrando fraqueza e temor por parte dos dirigentes do clube.

Procurado pelo Corinthians, que não revelou princípio de conduta daí com o Botafogo, Joel San­­tana exercitou a saudável prá­­tica e preferiu continuar o trabalho da mesma forma que havia rechaçado, há pouco tempo, uma investida do Flamengo. Pontos para Joel Santana!

Assim caminha a humanidade, diria o conselheiro Acácio. Porém, além dos maus modos de dirigentes e profissionais, é importante observar os motivos que levaram o paranaense Adíl­­son a perder o cargo.

Antes de qualquer consideração, gostaria de dizer que admiro o seu trabalho, tanto como jogador exemplar revelado pelo Atlético e com brilho no Grêmio e no Corinthians, entre outras equipes, quanto como treinador. Entretanto, observei alguns fatos na curta estada como líder do elenco corintiano que valem a pena ser levados em consideração para o seu futuro profissional.

Ele substituiu quase um mito, afinal Mano Menezes devolveu o time à Primeira Divisão e conquistou títulos que empolgaram a torcida. Nem mesmo o retumbante fracasso na Libertadores, em pleno ano do centenário, deslustrou o atual técnico da seleção no Parque São Jorge.

Substituí-lo já seria uma tarefa difícil e Adílson cometeu o pecadilho – considerado capital para a Fiel – de mexer na estrutura da equipe e em alguns posicionamentos, além de ter perdido jogadores importantes nas últimas partidas por lesões ou convocações para a seleção.

Outra coisinha que chamou a atenção foi o fato de Adílson in­­sistir em manter-se à beira do campo o tempo inteiro, gesticulando, falando, gritando, enfim, tentando quase participar diretamente do jogo como se os atletas necessitassem desse amparo permanente.

Para um elenco experiente e com algumas cabeças coroadas não creio que esse método funcione no Corinthians.

De qualquer forma, torço para que ele seja logo contratado por outro grande clube para seguir em sua vitoriosa carreira.

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