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Como o futebol brasileiro ainda não amadureceu a ponto de reservar aos clubes um calendário decente, entendo que devemos dar tempo ao tempo para que as equipes ultrapassem a fase de arrumação.

É humanamente impossível apresentar bom futebol sem dispor de condicionamento físico à altura das modernas exigências das competições de alto nível. Considero de alto nível os torneios nacionais e internacionais, já que os campeonatos estaduais, do jeito que são organizados, mais parecem um festival.

Há excesso de datas para tão pouco futebol nos estaduais, daí as goleadas exóticas no Carioca e algumas surpresas no Paulista, expondo a exata diferença de categoria técnica entre os chamados pequenos times de cada estado. Se Romário tivesse disputado em sua extensa carreira apenas o Campeonato Carioca poderia chegar aos 2 mil gols.

Aqui, onde existe até certo equilíbrio entre meia dúzia de participantes que sonham com a realização de boas campanhas, o que mais se observou nas primeiras rodadas foi o elevado número de faltas cometidas. No primeiro clássico, com pouco mais de 3 mil pagantes na Vila Capanema, futebol de pouca qualidade e muita agressividade em campo.

Não sei até que ponto a deficiência no preparo físico nesta etapa de pré-temporada fez com que os jogadores cometessem tantas infrações. Mesmo exibicionista, o árbitro Heber Roberto Lopes teve bastante trabalho.

O que se lamenta é a completa escassez de técnicos que fa­­çam a apologia do gol, do drible e do ataque para enriquecer o espetáculo.

Há muitos anos ouve-se uma única ladainha e uma única pregação dos chamados professores de futebol: tem de defender, tem de marcar, tem de matar a jogada, tem de parar o jogo, tem de não deixar jogar. Desculpem-me, mas isso não é estratégia para melhorar o nível do futebol brasileiro. E não venham argumentar que a falta faz parte do jogo. A frase virou frase feita, virou clichê, de tão verdadeira. Todos os times fazem falta e até a seleção de Dunga foi eliminada da última Copa do Mundo por excesso de infrações cometidas nas cercanias da grande área.

Vamos dar o desconto por es­­tarmos na fase de arrumação das equipes, porém, ao completar um mês de campeonato a co­­brança será grande. Nossa e dos torcedores.

Portanto, até a décima rodada seremos compreensivos. Tanto na deficiência tática coletiva quanto na pobreza técnica individual. Tudo em nome do recondicionamento físico e do tempo necessário para os treinadores reorganizarem os seus times. Depois disso, quem não conseguir mostrar bom futebol vai ficar pelo meio do caminho. O que, aliás, tem acontecido ultimamente com as nossas equipes desde a Copa do Brasil até o Cam­­peonato Brasileiro.

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