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Aos poucos o futebol brasileiro foi perdendo a inocência.

Apenas os torcedores continuam amadores, acreditando que o seu clube de coração é um paradigma do esporte.

O problema do futebol brasileiro é que ele foi contaminado pelo mercantilismo mundial, deixando de ser aquela coisa meio folclórica que agitava o país.

Foi copiado o sistema do futebol europeu, sem que tenhamos a organização e o comportamento ético dos europeus.

Como eles estavam profissionalizados há décadas, o surgimento das novas leis foi apenas um complemento para atender as necessidades dos clubes. Por aqui, entretanto, a coisa mais parece uma geléia geral.

Hoje em dia, tudo é na base do interesse comercial, desde a formação dos jogadores, passando pela venda de produtos, de ingressos, de publicidade nas camisas e nos estádios, e a negociação com as redes de televisão.

O futebol brasileiro transformou-se em um negócio bilionário que, pela ausência de uma legislação específica de acordo com a sua realidade, virou uma confusão.

As discussões em torno da pareceria internacional do Corinthians, a troca repentina de Christian, que optou pelo Internacional, ou o caso de Marcos Aurélio, que foi para o Santos e deixou o Atlético na saudade, dizem bem das relações tumultuadas.

O Brasil precisa se atualizar para ingressar no mundo do entretenimento, que passou a ser um dos maiores negócios do mundo, no qual se investem bilhões, com retorno sempre assegurado.

Nesse mundo novo, o esporte é um dos carros-chefe. Entre os esportes, o futebol é a preferência número um do planeta. E, como nasceu dentro da estrutura de clubes, diferentemente do que ocorre com a Fórmula-1, a NBA ou o tênis, o futebol, em especial no Brasil, padece por ser administrado por um modelo de organização amadora, mais adequado às instituições sem fins lucrativos, do que a um empreendimento cada vez mais especializado.

Os europeus profissionalizaram a gestão e o futebol brasileiro continua no meio do caminho, patinando entre a paixão e os interesses comerciais. Com isso, estabeleceu-se um conflito entre o que é do clube e o que pertence aos investidores, sejam eles dirigentes eleitos ou empresários do futebol.

Os dirigentes do futebol exerceram seus cargos, historicamente, por vaidade ou amor, adotando uma atitude patrimonialista em relação aos clubes, muitas vezes tirando dinheiro do próprio bolso.

Mas, com os valores atuais, uma simples comissão recebida por qualquer dirigente na venda de um jogador significa independência financeira para ele e para sua família.

Completando o ciclo, todos os jogadores querem ir embora, pois os que foram jamais ganharam tanto dinheiro.

E o futebol brasileiro age como uma barata tonta, com clubes, dirigentes, empresários e jogadores tratando de bilhões sem regras bem definidas.

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