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O Brasil teve o ciclo do pau-brasil, da erva-mate, da cana de açúcar que está voltando por conta da crise energética mundial, do café, da soja e, nos últimos anos, do futebol.

Sim o futebol brasileiro transformou-se, definitivamente, em produto de exportação com alta rentabilidade tanto para quem vende quanto para quem compra.

Se há 20 anos existiam alguns riscos, com a contratação de jogadores que ficavam com banzo, ou sentiam saudades do feijão, tais como Roberto Dinamite, Sócrates, Renato Gaúcho, Marcelinho Carioca e Edmundo, entre outros, que foram, voltaram e não deixaram saudade, hoje tudo mudou.

A grana é tão alta que os jogadores levam familiares ou contratam cozinheiras para garantir o sabor do feijão; o banzo virou coisa do passado com a invenção do telefone celular e a internet, e os europeus descobriram que vale a pena investir nos talentos brasileiros, pois os preços são convidativos e o retorno é praticamente garantido, às vezes com lucro extraordinário.

Com as vendas de Dênis Marques e Guilherme entrou muito dinheiro nos cofres do Atlético, da mesma forma que Alexandre Pato encheu as burras do Internacional. Ele jogou poucas vezes no time gaúcho e deixou um lucro de R$ 50 milhões. Trata-se de uma exceção, claro.

Em compensação, o São Paulo não faturou muito com Josué – cerca de R$ 3,4 milhões – porque ele estava com o contrato no fim e o clube acelerou o negócio para ganhar algum dinheiro.

Os europeus compram os nossos jogadores relativamente baratos e os revendem por cifras astronômicas. Jô, do Corinthians, por exemplo, foi comprado pelo CSKA Moscou por 5 milhões de dólares que recusou, recentemente, 12 milhões de euros para negociá-lo. Kaká saiu do São Paulo, há quatro anos, por 8 milhões de dólares e o Real Madrid tentou tirá-lo do Milan por 60 milhões de euros.

A principal vitrine continua sendo a seleção brasileira em suas diversas categorias, sendo que dos 14 novos convocados na era Dunga 9 já foram para fora, enquanto Alex Silva do São Paulo está em vias de ir para a Espanha e Kléber, do Santos, para a França.

A próxima atração é o zagueiro Tiago Silva, do Fluminense, chamado para substituir Luisão, machucado, no amistoso da próxima semana com a Argélia.

E com toda essa dinheirama que entra nos clubes brasileiros eles continuam tecnicamente capengas, vivendo à custa das verbas da televisão e mendigando apoio de políticos para a aprovação da Telemania, mais uma fonte de recursos para o governo e o futebol mal administrados.

Os cartolas brasileiros deviam passar algumas semanas no México para aprender como é que um país do Terceiro Mundo, com as mesmas idiossincrasias do nosso atrasado país, organizou um dos centros de futebol mais desenvolvido e rentável do planeta. Os clubes mexicanos estão com dinheiro saindo pelo ladrão.

carneironeto@gazetadopovo.com.br

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