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Desde a vitória sobre o Coritiba, que mereceu ser comemorada tanto pelas dificuldades impostas pelo tradicional adversário como pela confortável posição adquirida pelo time na classificação, a torcida atleticana saiu da Vila Capanema e passou a semana inteira questionando o futuro de Paulo Baier no clube.

Ídolo maior de uma equipe que vinha cumprindo campanhas apagadas ao ponto de ser rebaixada e voltar com grande sacrifício, entre tantos pelo fato de ser forçado a jogar sempre fora da Arena, e conseguir dar a volta por cima em grande estilo com eletrizante campanha no campeonato em andamento, Paulo Baier foi infeliz.

Infeliz porque aproveitou a marcação dos gols decisivos no clássico para lamentar o aparente desinteresse do Atlético para o encerramento da sua carreira na próxima temporada. Não era o momento para tratar do assunto estritamente doméstico e que deveria ser encaminhado com inteligência e cautela tendo em vista a personalidade do presidente Mario Celso Petraglia. De perfil invulgarmente perceptivo para os fatos e atento às pessoas que podem ser úteis ao planejamento estabelecido, ele é um dirigente arrojado, empreendedor e com rara visão estratégica, sobressaindo-se nesse verdadeiro deserto de ideias e atitudes que caracterizam a classe dirigente do futebol brasileiro.

Paulo Baier foi imprudente na escolha da hora de falar, como falar e com quem falar. Se o excelente jogador é um ídolo, o presidente é cultuado como ícone da torcida atleticana. Um faz gols e proporciona alegria hoje; o outro constrói o futuro para sempre.

A torcida reconhece o valor do atleta, não só pelos recursos técnicos e dedicação, mas, sobretudo, pela importância que representa como elemento decisivo na maioria das partidas vencidas pelo Furacão nos últimos anos. Basta observar o número de gols e de assistências nos jogos deste campeonato para valorizar a presença dele no elenco.

A torcida reconhece o valor do dirigente, que se destaca como executor de projetos ambiciosos que engrandecem o clube e enchem os atleticanos de orgulho, mesmo desaprovando alguns rompantes emocionais que assinalam a sua passagem pelo futebol.

Talvez contrariado pela forma como a pretendida renovação tenha sido encaminhada ou simplesmente disposto a correr todos os riscos, inclusive o de perder o entusiasmo e a ajuda do jogador na conquista da ambicionada vaga na Libertadores, o presidente assumiu todos os riscos e comunicou oficialmente que a função de ídolo, capitão do time, cobrador de todos os lances livres diretos e responsável por tantas alegrias será ocupada por outro personagem no ano que vem. Claro que ele poderia ter sido mais político e menos contundente, mas daí mudaria o seu estilo.

Como escreveu Maquiavel: "É muito mais seguro ser temido do que amado".

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