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Todos os povos vivem em torno das suas tradições, dos seus totens e da sua história. Não é diferente com a Hungria, que ainda sofre as conseqüências desastrosas de décadas do regime comunista, que deixou terra arrasada por onde passou.

Os simpáticos e alegres magiares lutam com dificuldades, experimentam protestos em frente ao Parlamento contra um governo confessadamente incapaz e sonham, um dia, ingressar na Comunidade Européia.

Mas como o meu assunto preferido não é economia e muito menos política, aproveitei os poucos dias em Budapeste para conhecer os castelos, os museus, os teatros, a culinária e, é claro, o futebol.

A Hungria curte até os dias de hoje os campeões olímpicos e vice-campeões mundiais da Copa de 1954. Nem mesmo o tempo conseguiu diminuir o prestígio e a idolatria em torno do grande Puskas, lenda viva do futebol.

Cultua-se nos mais diversos lugares a foto de Puskas, o "Major Galopante", com a gloriosa camisa do Honved, time que defendeu além do Real Madrid e das seleções da Hungria e da Espanha. Naturalizado espanhol, logo que caiu o regime comunista retornou para a sua amada Budapeste onde adoentado, lamentavelmente, experimenta os últimos dias de vida.

O Honved entrou em decadência e o principal time de lá é o Ferencvaros, cujo estádio vi por ficar a margem da rodovia que liga a cidade ao aeroporto.

Outro craque que se mantém vivo na memória é Sandor Koscis, artilheiro da Copa da Suíça que também abandonou o país depois da invasão dos soviéticos em 1956.

Koscis foi batizado pela imprensa européia de "Cabecinha de Ouro", por causa da facilidade de marcar gols em cabeçadas fulminantes. Mas ele não se destacava apenas pela facilidade na conclusão de jogadas pelo alto. Era um excelente jogador: elegante e ao mesmo tempo valente, era um atacante perigoso, que chutava com eficiência com as duas pernas.

Koscis, da mesma forma que Puskas, era militar no posto de capitão do Exército e, ao abandonar a Hungria, foi jogar no Barcelona, onde sagrou-se campeão espanhol duas vezes e campeão de duas Copas da Europa. Doente, suicidou-se atirando-se da janela em uma clínica de Barcelona em 1979. Estava com 49 anos.

A legendária seleção húngara que eliminou o Uruguai e o Brasil – campeão e vice da copa anterior –, mas foi derrotada na final pela Alemanha Ocidental, transformou-se em lenda.

Fotos amareladas nas paredes, retratos dos principais ídolos com autógrafos em cartões e saudades, muitas saudades, foi o que restou daquele time maravilhoso que encantou o mundo pela excelência do seu futebol.

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