• Carregando...

A Copa América pode não ter servido para muita coisa, talvez aumentar a vantagem estatística do futebol brasileiro sobre o argentino, mas confirmou Dunga como técnico da seleção.

Antes falemos um pouco da maravilhosa rivalidade entre argentinos e brasileiros. Rivalidade esportiva, é lógico, já que eles são um povo que sabe viver e recebe muito bem os visitantes. Estive muitas vezes na Argentina e jamais sofri uma grosseria ou um gesto antipático. E olhem que me fartei de discutir futebol com os gringos, nos mais variados locais, públicos ou privados, duelando nas comparações entre Zizinho e Pedernera, mais tarde entre Didi e Di Stéfano e, ultimamente, entre Pelé e Maradona.

Quase um Garrincha

Eles revelaram grandes jogadores, mas acredito que o melhor tenha sido mesmo Di Stéfano: mais realizador, mais goleador e muito mais vezes campeão que Maradona. Certa feita, pequeno grupo de jornalistas e radialistas brasileiros foi homenageado com um almoço no Monumental de Nuñez – véspera de River Plate e Flamengo, pela Taça Liber-tadores de 1983 – e acabei escalado por João Saldanha para fazer o discurso de agradecimento. Antes do almoço, visitando o maravilhoso museu do River, lá estava a foto do célebre ataque de "La Máquina" dos anos 40: Muñoz, Moreno, Labruna, Pedernera e Lostau. Contaram-me que poucos meses antes, Di Stéfano visitou o clube e ao ver a famosa foto se deteve, mais demoradamente, na figura de Muñoz, a quem sucedeu no River jogando como ponta direita, e disse: "No era un Garrincha, vamos, mas casi".

Eles sempre respeitaram os nossos craques e reverenciaram a qualidade técnica do futebol brasileiro. E, nós, fregueses de caderno até o surgimento de Pelé e sua corte, sempre reconhecemos a categoria da escola argentina.

Domingo vivemos mais uma experiência notável na disputa entre a determinação brasileira e a envergadura técnica argentina. Prevaleceu a mistura da garra e do talento dos nossos jogadores.

Se as primeiras apresentações foram decepcionantes, é importante reconhecer que a seleção de Dunga foi se descobrindo aos poucos e, bafejada pela sorte na decisão por pênaltis com o Uruguai, chegou amadurecida para a final. Ali, diante da superioridade técnica do adversário só restou uma alternativa: correr mais, marcar mais e jogar mais.

Acabou dando certo, primeiro porque os argentinos caíram do próprio salto alto durante a partida; depois, porque os brasileiros conseguiram aliar a garra com a técnica.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]