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O país em que todas as grandes obras públicas atrasam e dobram o preço estimado assistiu, estarrecido, ao dantesco espetáculo proporcionado pelos representantes do povo para a aprovação da lei de modernização dos portos, o maior gargalo que embaraça a exportação dos produtos brasileiros.

Foi a demonstração mais diabólica e elaborada do mau exercício da política, tanto por parte do governo quanto dos parlamentares.

Se estamos muito atrasados na conclusão de obras – o contorno de Campo Largo, por exemplo, com apenas 9 quilômetros de extensão, se arrasta há dois anos – continuamos praticando política com metodologia medieval, época em que não se dava relevância ao interesse da população. Reis, senhores feudais e chefes de clãs só se preocupavam com o poder e os seus rendosos negócios, enquanto o povo passava fome servindo como bucha de canhão em guerras intermináveis.

Mas, se temos governantes e políticos de segunda classe, constatamos, dolorosamente, o atraso de uma das riquezas mais queridas do país: o futebol. Reconhecido como fonte inesgotável de talento e arte, comprovada pela conquista de inúmeros títulos internacionais, o futebol entrou em decadência técnica exatamente no mesmo período que marca o início do seu esplendor econômico.

Nunca o futebol brasileiro esteve em plano tão elevado em investimentos com as entidades e os clubes recebendo um dinheirão da televisão, dos patrocinadores, dos produtos vendidos nas lojas exclusivas e, com os novos estádios da Copa, através das arrecadações de jogos, de shows e da ampliação dos quadros sociais.

Porém, tecnicamente atravessamos um momento sombrio com desperdício de tempo, dinheiro e energia para a realização de estaduais deficitários e desinteressantes, compondo um calendário futebolístico ultrapassado e desastroso.

O reflexo pode ser observado na péssima performance da maioria dos nossos representantes na Libertadores em andamento. O Grêmio, o último a ser eliminado, mantém comissão técnica e elenco que lhe custam R$ 12 milhões por mês. Um absurdo, sem dúvida, pois o time nem mesmo conseguiu disputar o título estadual gaúcho e muito menos mostrar categoria superior sobre os frágeis adversários nas primeiras fases do torneio continental. Arrastou-se em campo.

O comportamento tático – recuado e medroso – da equipe de Luxembugo na derrota na Colômbia confirmou a suspeita de que os treinadores brasileiros perderam a criatividade e não se importam mais em oferecer apresentações de baixo nível. Muricy Ramalho já disse certa vez que quem quiser espetáculo que vá ao teatro. Ou seja, que passe longe de um estádio de futebol, pelo menos um estádio brasileiro. Por isso é melhor ficar em casa assistindo pela tevê aos espetáculos futebolísticos proporcionados pelas equipes europeias.

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