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Chamou a atenção quando a adidas, conhecida fabricante de artigos esportivos alemã, batizou, em 1984, sua coleção olímpica especial de Espírito dos Jogos.

Talvez não fosse o momento adequado, pois a Olimpíada de Los Angeles, na verdade, marcou o fim das ideias e dos ideais utópicos que um dia foram associados a esse “espírito”.

Naquele momento as grandes marcas se ligaram definitivamente ao esporte.

E a presença do conceito mercantil foi invadindo todos os eventos de grande apelo popular. Esse fenômeno de marketing moderno consolidou-se na década seguinte com a forte presença da televisão aberta, ou principalmente fechada, em todos os acontecimentos. Em vez de veículo de exibição das competições a televisão passou a ser parceira nos rentáveis empreendimentos esportivos.

Com a criação da Premier League no futebol inglês, logo seguida por outras ligas nacionais e o aperfeiçoamento das operações comerciais da Fifa, da Uefa e outras entidades, acabou o romantismo.

E o futebol começou a sofrer as consequências dessas transformações. Elas passam pela mecanização dos jogos, com técnicos e jogadores mais preocupados com o faturamento do que em apresentar espetáculos de qualidade.

Aí estão os jogos despejados na tela da televisão com padrão técnico cada vez mais sofrível. Nem a última Eurocopa escapou ilesa, pois a maioria das partidas foi tecnicamente decepcionante.

Sem esquecer, é claro, do comportamento escandaloso dos cartolas internacionais que acabaram presos ou foram afastados dos importantes cargos que ocupavam no reino encantado do futebol.

Com o completo mercantilismo de todas as modalidades o não profissionalismo olímpico ficou obsoleto. E isso diz algo sobre os ideais antes reunidos na Ideia Olímpica.

O barão Pierre de Coubertin, helenista francês que um dia acreditou ser possível unir os povos de todo o mundo pela magia do esporte, lançou a mensagem de que o importante é competir.

Mas a Olimpíada que vai começar na próxima sexta feira (5) no Rio de Janeiro mostra que os Jogos se dão muito bem com um espírito mais materialista.

Ironicamente, o atual modelo é mais fiel à origens ancestrais dos Jogos que a antiquada ideia olímpica.

Nas competições da Grécia Antiga, a simples participação não contava. Não havia segundo ou terceiro lugar, só vencedor, e os derrotados eram envergonhados ao máximo. Os antigos atletas gregos eram quase semideuses, prestígio que os atuais astros do esporte usufruem pessoal e, sobretudo, comercialmente.

A estratégia de marketing e o doping fundiram-se com o fluxo de caixa na concepção de que o importante é faturar e o que conta é vencer.

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