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A queda do nível técnico não é exclusividade do futebol brasileiro. Os argentinos também lamentam os tropeços da seleção, que não ganha nada há mais de duas décadas, e o desequilíbrio das suas equipes.

O padrão de jogo da última Eurocopa esteve longe de empolgar, com destaque a fraca apresentação dos finalistas França e Portugal, que decidiram o título com um gol “achado” na prorrogação.

Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e outras seleções também ficaram devendo melhores exibições.

Acontece que, com a globalização, os clubes europeus mais ricos jogam melhor futebol do que as seleções de seus países. Barcelona, Milan, Bayern e mais alguns conseguem reunir os melhores jogadores do mundo, enquanto que as seleções são representadas exclusivamente pelos nativos.

Como Messi, Suarez, Neymar jogam bem, mas não operam milagres, os selecionados que defendem deixam a desejar. Cristiano Ronaldo conseguiu se tornar a exceção nesse processo que chegou para ficar.

Em outras épocas não era assim. Tanto que os tricampeões mundiais do Brasil, entre 1958 e 1970, permaneceram jogando no país. Os clubes estrangeiros não dispunham do poder econômico que exibem hoje em dia. Eles conseguiam levar alguns, mas não todos os bons jogadores.

A organização europeia que mantém os estádios permanentemente lotados, as verbas da televisão e o merchandising dos espetáculos com a venda de marcas, imagens e produtos mudaram o cenário futebolístico para sempre.

De fato, quando jovens nos acostumamos a escutar que o futebol do passado é que era bom, entre outras razões porque se supunha que o atleta jogava por “amor à camisa”. Mas se o dinheiro era escasso, os jogadores buscavam melhores contratos e, principalmente, empregos públicos que lhes garantissem aposentadorias seguras. Os dirigentes usavam a influência política para conseguir a nomeação dos craques pelo governo.

Poucos jogaram exclusivamente por “amor à camisa”.

Indicativo de que amor e paixão podem conviver com profissionalismo. O mundo dos negócios não exclui sentimentos passionais. Ser profissional no futebol não exclui o amor do atleta por um clube ou o carinho pela sua torcida.

O “amor à camisa” faz parte da mitologia do futebol desde o advento do profissionalismo, em 1933.

Claro que hoje o futebol movimenta muito mais dinheiro, mas será que existiu mesmo um tempo em que se jogava simplesmente por “amor à camisa”?

A única certeza é a de que o torcedor foi, é e será sempre um apaixonado, que lutará contra todas as evidências que demonstrem que seus ídolos jogam por dinheiro, ainda que possam amar o clube pelo qual estão jogando.

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